Sobre o humor

“Quando duas pessoas se encontram há, na verdade, seis pessoas presentes: cada uma como se vê a si mesma; cada uma como a outra a vê; e cada pessoa como realmente é”. (William James)

 

Disposição de espírito - Claro devemos levar a vida a sério, mas um pouco de humor, humor limpinho, respeitoso, sem assédio, desprovido de palavrões, não obsceno, que não seja escarnecedor, é bem vindo. O humor importa na comunicação para que haja mais inclusão das pessoas no contexto existencial.

Ser bem humorado – Ter ‘presença de espírito’ é deixar a vida fluir naturalmente. É pegar as ‘deixas’ do cotidiano e não deixar a peteca cair. É sorrir, alegrar-se. É sacar sempre um comentário imediato, pertinente à situação. Desde que o humor não seja torpe desses que não faça sentido, mas, espirituoso, engraçado, divertido, ele não representa mal algum, não ofende ninguém. É ingrediente necessário ao bom relacionamento. É vertente para uma boa disposição de ânimo e mantem o estresse bem longe da gente.

Aconteceu comigo – Eu estava às sete horas, no Laboratório SM, de Análises Clínicas, para um procedimento de coleta de sangue recomendada pelo médico. Fui muito bem atendido pelas meninas da recepção. Logo se aproximou a enfermeira Letícia e conduziu-me ao local da coleta.

O medroso – Enquanto ela fazia os preparativos, eu cobri os olhos com a mão, para não ver aquele ritual: agulha, seringa, torniquete, tubetes. Isso me dá aflição. Uma espécie de medo, frescura temendo a dor. E ela: ‘Não é nada senhor Antônio, é só uma picadinha!’ Aí que está o problema! Só uma picadinha? Só uma Letícia? Deveriam fazer a coleta de sangue por ‘osmose’, que delícia seria! Ah, se a perpetuação da espécie dependesse da gravidez dos homens, logo, logo a humanidade estaria extinta! Ela, uma simpatia de pessoa, competente profissional, fez tudo direitinho e ao término disse: ‘O senhor aceita um cafezinho?’ E minha veia cômica não deixou por menos: ‘Prefiro Itaipava’. E ela com imediata ‘presença de espírito’: ‘Itaipava acabou. Está em falta!’ Comedidamente rimos bastante. Eu até esqueci a ‘picadinha’ e ela seguiu seu dia bem mais motivada...

As mulheres – São maravilhosas! Elas sempre teem uma respostinha pronta para toda e qualquer situação. Que raciocínio rápido! Sua presença de espírito é notável e isto faz com que os homens possam crescer com elas porque os homens são, por natureza, mais lerdinhos... Um exemplo? A esposa estava conversando, com seu marido, esclarecendo um assunto pendente. Ele, um pouco impaciente, aflito, perdendo o foco, começou a alterar a voz. Ela calmamente disse: ‘Querido, eu te amo! Não precisa levantar a voz, melhore os argumentos! Inteligência é a capacidade de adaptar-se às mudanças!’ Ambos riram, um do outro...

A universitária – A estudante de comunicação, jornalismo, estava em seu primeiro dia de estágio na TV- Cultura. Logo foi incumbida de fazer uma entrevista com o técnico do Palmeiras, Wanderley Luxemburgo. Seria um importante jogo contra o São Paulo. O treinador estava preocupadíssimo, afinal, o Palmeiras estava com desfalques, jogadores suspensos, a equipe cheia de problemas...

E chegou o momento - Tarefa arriscada! Todos sabiam que o técnico era ‘casca grossa’, não gostava de responder perguntas e nem fazer comentários antes do jogo. E a estagiária viu o Wanderley entrar em campo. Ele estava sozinho, com cara de poucos amigos. Ela tremeu! ‘É agora ou nunca!’ E foi resoluta, em direção ao inesperado. Ela magrinha, pós-adolescente, não entendia nada de futebol, afinal o quê perguntar para aquele homem? Encheu os pulmões de ar, a cara de coragem para aquela prova de fogo, e quando estava bem perto... ‘Wanderley, eu quero saber como o Palmeiras vai entrar em campo para este jogo?’ Ele respondeu laconicamente: ‘Andando né!’ E ela mais que depressa: ‘Isso eu sei, mas vão entrar andando em fila indiana, ou em duplas, um ao lado do outro?’ Wanderley não resistiu, sorriu admirado com a ‘presença de espírito’ da jovem repórter. Respondeu pacientemente a todas as perguntas...

 

Reflexão - Nós temos afazeres diferentes e nosso cotidiano não é idêntico, mas juntos, a gente se confraterniza, brinca. Descontrair faz parte da vida. O ‘fator humor’ está sempre de prontidão para dar mais sabor à nossa história. ‘O coração é a região do inesperado’, assim diz Machado de Assis ‘e o bom humor é uma amostra grátis do amor’.

 

Nota – Devemos aprender durante toda vida, sem esperar que a sabedoria venha apenas na velhice.

 

  Antônio Valdo A. Rodrigues

Serra Negra – SP

 E-mail: valdo11rodrigues@yahoo.com.br

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