Os adequados

“Seja para as pessoas, o quê você gostaria que elas fossem para você”. (James C. Hunter)


Na biblioteca – A adolescente estava bem á vontade, lendo o livro: ‘O admirável mundo Novo’, de Aldous Huxley e encontrou esta expressão: ‘Sem adequação a vida não faz sentido e torna-se mais difícil’. Ela não entendeu. Vou perguntar ao meu pai o que vem a se ‘adequar-se à vida?’

O pai explica – Então filha, as piores dificuldades de um convívio começam quando as pessoas fazem o que querem e como preferem. Esquecem-se de adequar se, ajustar-se às diferenças individuais. É uma estupidez não adequar-se às mudanças comportamentais. Observe, quando o relacionamento é saudável, o pai se adéqua ao filho, o filho se adéqua ao pai; o professor ao aluno, o aluno ao professor. Não importa o que seja: estadista, comerciante, funcionário ou erudito, há sempre alguém se adequando a alguém em alguma coisa. Não nascemos adequados, nos tornamos adequados.

A adolescente quer saber mais – E como seria essa adequação em família? O pai esclareceu: A adequação é importante tanto para os casados como para os que vão se casar. Tudo o que todos querem é amar então, por que cessa o amor? Antes o coração batia forte, revirava os olhos, ria à toa... Agora não existe, quase nada de relacionamento afetivo estável, tem-se a impressão que ‘coisas’ são mais importantes que ‘pessoas’. E a filha interrompeu: “Mas depois que acaba essa tal ‘paixão retumbante’, sobra o quê?”.

O pai continua – Você tem razão! Paixão é coisa que passa. Paixão é do mundo carnal. O afeto é sentimento espiritual e permanece porque é dosado e coerente. Em família ninguém coloniza ninguém. É a sedução, do dia-a-dia, que vai aos poucos alicerçando o sentimento entre as pessoas. É uma espécie de conquistas ininterruptas que vão fortalecer a estabilidade familiar. Então, alterações no olhar, no tom de voz, não vão fragilizar. Nenhuma raiz de amargura vai brotar causando perturbação e desprezo que fere o coração.

Legal pai, explique mais – Há uma diferença, quando a aliança é de ouro, há Deus, propósito estável, compromisso, respeito, planejamento de vida familiar. Quando a aliança é de vidro há leviandade, imaturidade, irresponsabilidade. No começo é: te amo pra cá, te amo pra lá. Lindo mais insustentável. Entre pessoas que resolveram dividir o mesmo teto tem que haver sinalização de Deus, e mesmo nos subterrâneos das dificuldades nada está sendo forçado e nem contrariando o bom resultado do contexto familiar. É preciso sensibilidade, forte parceria, disposição para adequar-se ao comportamento da amada. A vida sem regras, normas, disciplina, sem adequações não funciona mesmo. É aliança de vidro. Logo se quebra. Prazer só, não basta. Isso é mundo carnal, lugar comum, quase mediocridade. A regra do amor é clara, o Mestre disse para que nos ‘amássemos muito’ e não para que nos ‘amassemos muito’. Simples assim, com mansidão e um pouco de docilidade, o afeto dá certo.

Intimidade espiritual – Existe quando adequar-se ás situações é uma ordem. Todo contato humano tem duas faces: a face superficial é a que vemos e apresentamos e logo é esquecida. A face mais profunda é aquela que envolve um pertencimento espiritual de ambas as partes que se admiram e se aceitam. É passagem livre só para os que desejam adequar-se e não vão deixar o desassossego dar o bote. A harmonia não é para principiante e não acontece por acaso. É conquista diária. É fazer uma leitura correta da vida para encontrar alternativas possíveis quando o desprezo ameaça ferir o coração.

Reflexão – Adequar-se é estado de espírito. É fazer diferente para diminuir as diferenças. Em todos os ciclos da vida a adequação se faz necessária em especial com as crianças, idosos. A adequação é imprescindível. Vejamos, o envelhecimento é problemático e traz estes ciclos: meia idade 50 anos; idoso 60; velho 70; ancião 80; velhice extrema 90 anos em diante. E haja adequação para aceitar o inverno da vida que não acena mais com primaveras... Família um mundo de pequenas e grandes discórdias. Mas a vida é assim, tendo um começo, meio e fim. Alguns fins revelam total crueldade como exemplo, na hora de dividir com equidade uma herança. Família um campo de treinamento com infinitas ferramentas para o crescimento de todos. O mundo reflete aparências e o homem sujeito às fragilidades tem que adequar-se.

Nota – A vida é uma grande ilusão. Deus não nos fez inadequados, mas para que pudéssemos aprimorar nossas desigualdades. O berço não é o começo, assim como o sepulcro não é o fim. A seriedade humana precisa evoluir!

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