"Se você realmente ama uma pessoa, você à ama como ela é. Não deseja mudar nada nela”. (Alain de Button)
Todos nós temos a tendência de fugir do amedrontador autoconhecimento. É o tal ‘conhece-te a ti mesmo’. Isso acontece porque você, eu, nós temos nossa vulnerabilidade inconsciente. Entenda por vulnerabilidade uma mistura de fraqueza, ignorância, vaidade, orgulho, egoísmo. Esses são apenas alguns dos dificultadores. A vida é assim – Somos amadores! Mesmo podendo abrir portas, fazemos questão de fechá-las. Com certeza a vida, de ninguém, é um caminho suave. Sempre vamos ter questões de natureza pessoal e emocional por resolver. Se é que você me entende, hoje vamos ficar com este difícil nicho: amar e ser amado, isso é possível? Camilo Castelo Branco diz: ‘No homem gasto, vão-se as ilusões e fica a experiência. Entenda como ‘homem gasto’, cônjuges próximos às bodas de prata, de ouro. É quando o convívio torna-se cada vez mais desgastante, invariavelmente gerando grandes tensões. A falsa filosofia popular- ‘Tudo de bom para você’; ‘Você é a metade da minha laranja’. Nada disso é verdade! São invenções enganosas da voz do povo que não traduz a voz de Deus. A vida não é assim! Casais felizes tem maturidade para compreender que um vai infernizar a vida do outro, de vez em quando. Infernizar? Isso mesmo! Sabendo disso ambos tem que pensar em prevenção para principalmente antecipar-se aos problemas com muita paciência, tolerância, aceitação para não deixar a ignorância dar o bote. Há casais que se entendem perfeitamente sem palavras. É quando a sintonia entre eles e a sensibilidade falam mais alto. Auto-ajuda ou reflexão? – Auto-ajuda não existe. Cada um tem a sua história. O que é válido para um não é para outro. O detalhe é que as pessoas criam seus próprios demônios para viver suas incertezas. Reflexão é a realidade. Ela fortalece a capacidade de imaginar e escolher caminhos. Reflexão é uma lei humana para entender a lei divina: ‘amar incondicionalmente’. Casamento duradouro não é movido a egoísmo. É preciso descobrir o ‘você’ para ter alegria de doar-se e não somente receber. Mesmo assim, solidão a dois sempre vai ameaçar o pertencimento familiar. O bom romance é exatamente como a água: precisamos nos abastecer diariamente, constantemente... Pés no chão – Cuidado com o otimismo exacerbado. O filósofo Alain Botton diz: ‘A procura do relacionamento ideal, prejudica a vida de todo mundo. Ninguém nos aborrece nos decepciona tanto como a pessoa com quem casamos. Conflitante não? Afinal não foi nessa pessoa que depositamos nossas mais elevadas expectativas? Mas a vida sempre vai ter o outro lado do paraíso. O bom romance – Você só está realmente preparado para casar quando entende que a pessoa certa não existe. Nossa espécie é cheia de falhas. Os melhorzinhos se aproximam do bom e do suficiente. Não queira encontrar um grande amor, que tenha os mesmos gostos, mas que saiba negociar as diferenças, de forma carinhosa, receptiva. Pessoa certa é como cédula de um real, não existe ou é falsa. Regras e limites – O bom profissional, de todas as áreas, tem que ter como inspiração diária ‘retidão de dedicação’. Por que no casamento deveria ser diferente? Em tudo na vida há normas explícitas, ou não, mas perceptíveis para que os acordos consensuais sejam estabelecidos. E tudo isso se faz em silêncio, nas entrelinhas do convívio estável, honesto. Afinal a aliança do casamento não é de vidro é de ouro e esse metal reluz e não se quebra. Nossas atitudes – O celular, quando usado demasiadamente, é um vício e nos mantém longe de nós mesmos interferindo no bom relacionamento. Já falamos de autoconhecimento , que é saber até que ponto eu tenho consciência de que o que eu falo e faço, vai ‘ao encontro’ ou vai ‘de encontro’ à expectativa do outro. Veja a diferença: ‘Vai ao encontro’ é parceria. ‘Vai de encontro’ é colisão. Convívio é o que vai ao encontro e mesmo quando mostra verdades escondidas não incomoda, faz crescer. Reflexão – A convivência é um desafio. Em seus mundos diferentes, o diálogo franco, verdadeiro, sensível, respeitoso não acontece por acaso, é uma conquista. É assim o bom romance, tem que recomeçar todos os dias, buscar soluções para os próprios problemas. Não conformidades sempre vão fazer parte do ‘pacote do casamento’. Vençam-se! Na vida não existe ganhar ou perder. Perde quem não aprende. Uma dica de Victor Hugo ‘Desejo que vocês se amem hoje, amanhã e no dia seguinte e quando estiverem exaustos não deixem o ânimo arrefecer e ainda haja amor pra recomeçar’.Nota – Não valorizar uma informação sábia custa um número incalculável de pacientes impacientes. Isso é lamentável, até porque sabemos que os homens são potenciais pecadores.