Um juramento

“Magistério é exercício de generosidade. Mais do que otimista, ser educador é ensinar com entusiasmo”. (Rubem Alves)


Neste encerramento de ano letivo, dedico este texto aos “professores-educadores”, para que sejam sempre do tamanho de seus sonhos e jamais deixem o ânimo arrefecer.

O mundo cada vez mais controverso parece dividir os que ensinam em dois grupos: os pensadores do bem e os pensadores de impossibilidades. A diferença é que, os otimistas ensinam com amor e sabem que só a leve esperança em toda cátedra, disfarça a pena de ensinar. Já escrevemos em matérias anteriores e vamos reforçar com ênfase: a família forma; o professor informa; a sociedade deforma; a religião conforma; e o educador reforma.

Todo educador consegue enxergar em seus alunos, a preciosidade de uma rosa, porque não existe criança desprovida de rosa. Em uma formatura de ensino fundamental a escritora Clarice Lispector, como paraninfa, entregou aos formandos uma mensagem assim: “Queridos alunos, há uma rosa dentro de vocês. Sim, há uma rosa dentro de vocês, que é a sua alma em evolução. Sem uma aceitação real da vida, ela certamente murchará. Não basta cuidar de sua cruz. É importante pensar que você não é simplesmente alguem com vida material, mas principalmente uma obra de Deus, que possui um espírito que deve desabrochar em luz, sabedoria e amor... Na verdade, meus caros jovens, o importante é a rosa que precisa de luz...”.

Lindo isso não? Sim porque convence, satisfaz, engrandece. Sempre haverá rosas e espinhos. Essa é a dicotomia da existência e quanto mais intenso for o nosso contato com as rosas mais saberemos lidar com os espinhos.


Paulo Freire, autor do livro: Pedagogia da Autonomia, assim escreve: “A escola é... Lugar onde se faz amigos. Não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos... Escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha que estuda que se realiza se conhece se descobre e principalmente se estima.

O diretor é gente, o coordenador é gente, o professor é gente, o assistente social é gente, o aluno é gente, cada funcionário é gente. E a escola será cada vez melhor, desde que cada um se comporte como colega, amigo, irmão. Nada de ilha cercada de gente por todos os lados. Escola é continente onde as desigualdades não se desigualam, mas se encontram para se enriquecerem sem parar nunca. Não é correto conviver com pessoas e depois descobrir que não tem amizade a ninguém. A escola pode ser núcleo natural de conflitos, mas nada de ser como o tijolo que forma a parede indiferentemente, fria e só. Ora é lógico, numa escola assim, com a metodologia do afeto, vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se, enfim entusiasmar-se sempre mais. Escola de verdade é assim, o educador se amarra nela!”.


Belas as palavras do mestre Paulo Freire. Confusão sempre vai fervilhar com seu ponto de ebulição máximo, próximo ao indesejável, mas é bom entender que invariavelmente é o trem errado que leva à estação certa. Escola, local onde todos aprendem, e tambem momento para exercitar a tolerância, conviver com as diferenças e mesmo assim, criar laços efetivos de amizade, camaradagem, forte parceria de foco fortalecido.


Reflexão – Pais, educadores, ensinam a criança nos caminhos em deve andar e ela jamais se desviará deles. O educador que tenha sempre em mente ‘um juramento’ que fez na sua colação de grau de magistério: “Prometo cumprir os deveres de professor, trabalhando com empenho e dedicação, no desenvolvimento integral de crianças e jovens cuja educação me for confiada”.

O jeito da educação é esse mesmo, o professor se transforma em educador, depois em missionário. O ‘professor’ ensina para o vestibular da faculdade; o ‘educador’ para o vestibular da vida; o ‘educador missionário’, é um facilitador para que o aprendiz possa ter sensibilidade para viver de acordo com os ensinamentos do Mestre dos mestres. Assim o adolescente vai permanecer atento não só às coisas que vê, mas, as que não vê e vai entender que as que vê são temporais e as que não vê são eternas.

A lei é clara, educar é propósito, seriedade, compromisso, juramento, sacerdócio... É tocar a vida de muitos nos caminhos da verdade; justiça, paz. É acreditar que o amor é como o ar que respiramos, é propriedade do mundo.

Educadores luzirão como as estrelas, por toda a eternidade.

NOTA: Recomendo a leitura do livro “Novos Rumos para a Educação” de Huberto Rohden – Cx Postal 9897 SP.


Antônio Valdo A. Rodrigues
Clima Bebedouro

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