João-do-berro

“Qualidade de vida é ter árvores como horizontes e o som de passarinhos como silêncio”. (Amir Satter)


Os ornitólogos estão querendo mudar o nome da ave “João-de-barro” para “João-do-berro”. Tudo porque os joões-de-Barro estão em conflito por não encontrar florestas seguras, acolhedoras para edificar a sua linda casinha de barro. O jeito é migrar para o alto dos postes de eletrificação e fazer lá mesmo a sua morada. É uma sinalização do começo do fim, porque sem a natureza não tem como o homem existir!

As pessoas podem amar ou desprezar a natureza. Poucos amam mas se amam, vão amar para sempre. Se não amam, podem até aprender a amar, mas sem propósitos verdadeiros não vão compreender a relevância da fauna e da flora, assim a natureza nunca vai ser uma extensão de suas vidas. E os homens, menosprezando o meio ambiente, vão deixar as paisagens desertas...

O cientista Albert Camus alerta: “As soluções eram devidas ontem. Se não forem cobradas hoje. Com muita intensidade, não teremos um amanhã”. Essa é a nostálgica condição do planeta Terra que o homem diz”amar muito”, mas que não preserva quase nada e na verdade faz muito pouco para resgatar, repor os recursos naturais devastados.

O planeta Terra está na UTI. Há um acelerado desrespeito à natureza. Nossas crianças não estão sendo efetivamente conscientizados, nem pelos pais, nem professores. Muitos são os insensíveis. Sensibilidade é encontrar sentido em um mundo que parece sem sentido. É o que vamos conhecer, nas palavras do naturalista Amaro Macedo, a carta que o planeta Terra escreveu para o seu inquilino homem.

“Senhor morador, gostaria de informá-lo que o contrato de aluguel do planeta Terra, que assinamos há milhões de anos atrás, está vencendo. Precisamos renová-lo urgentemente, entretanto temos que acertar alguns detalhes.

Antes eu fornecia água em abundância. Hoje, já não disponho mais dessa reserva. Por quê você desperdiça tanto? Qual o seu planejamento para a utilização futura?Por quê não constroe a sua casa com áreas para armazenar as águas das chuvas? Por quê você não planta mais frutas, legumes, hortaliças se o seu quintal é tão grande? E se você alimentar a Terra com compostagem, será que ela não vai devolver em forma de alimentos saudáveis?

Você, insensivelmente, cortas as árvores que são abrigo, sombra, ar e equilíbrio natural ao eco-sistema. O aquecimento global está aumentando e você não tem um planejamento para fazer a sua parte no replantio, e acha que tudo é responsabilidade dos administradores públicos. E os animais (fauna), e as plantas(flora), do seu imenso quintal, deveriam ser cuidadas e preservadas. Procurei algumas espécies e não as encontrei! Quando lhe aluguei o planeta elas existiam.

Inquilino homem, eu olho para o céu e não consigo ver o azul, há poluição causando doenças pulmonares . Olho para a Terra e encontro alimentos geneticamente modificados. Olha o homem mexendo aí no que eu já determinei como deve ser. Será que estão brincando de ser Deus?

Viver está ficando cada vez mais complicado! Quanto lixo, quanta sujeira, hein? Encontro tantos objetos estranhos pelo caminho: isopor, pneus, pilhas, plásticos, vidros, aparelhos eletrônicos, eletrônicos descartados fora como se não fosse possível reaproveitá-los, mas são. Outra coisa, não vi os peixes que moravam nos rios, lagos e mares! Você os pescou ou estão todos mortos?

Agora chegou o momento de conversarmos muito á sério. Preciso saber se você ainda quer morar aqui no planeta. Em caso afirmativo quero saber o que você está disposto a fazer para harmonizar e cumprir o contrato.

Gostaria de tê-lo para sempre comigo, mas tudo tem um limite. Acontece que o seu descontrole, a sua desatenção, a sua insensibilidade, a sua falta de fé no planeta habitável, é perturbadora.

Afinal, você pode mudar as suas atitudes ou não? Aguardo a resposta e procedimentos sensatos, coerentes de bom-senso. Tristemente, Planeta Terra”.

A civilização tem motivos para entristecer-se, afinal, quando a última coisa que nós tivermos for o convívio harmonioso com a natureza, nós vamos descobrir que, depois de Deus, deveria ser essa a única preocupação que precisávamos ter.


Reflexão – Essa é uma síntese, nada otimista, da lamentável trajetória humana sobre a Terra. O cenário está mais para tecnologia e menos para humanitária. A tecnologia pode evoluir e melhorar a vida, mas a natureza do homem não muda. Seus defeitos e fraquezas tendem a ser amplificados. Muito em breve não vai haver paz, beleza, vai ser só tristeza e melancolia! Deus perdoa, a natureza não!

Com o saber cresce a dúvida! Já sabemos a vida desde o início, agora, como será o fim? Tudo que temos não representa tudo. Falta-nos: falar menos, refletir um pouco, ser responsável e realizar mais...


Antônio Valdo A. Rodrigues
Clima Bebedouro

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