“O desafio jamais é fatal. O que importa é a coragem para seguir adiante”. (Winston Churchill)
Na vida tudo acaba tudo passa, e muitas de nossas decisões deixamos prá depois. Por quê nós travamos? Por quê achamos que está tudo em ordem do jeito que está? Provavelmente nos acostumamos a conviver perfeitamente com o “depois eu faço”, que é um entulho intolerante do homem civilizado.
Somos analfabetos nos sentimentos, mal sabendo quem somos e não é difícil perceber um preconceito bem disfarçado indicando que não se pretende fazer mesmo. Por quê a vida tem que ser assim escandalosamente adiada? Como somos grotescos! É o joio no meio do trigo e há tanto joio nas relações humanas que fica difícil achar o trigo nas parcerias.
É o que nos faz sentir Khalil Gibran. “Por quê a vida tem que ser assim... Depois eu ligo. Depois eu visito meus pais. Depois eu faço. Depois eu falo. Depois eu mudo. Depois eu passeio. Depois eu viajo. Depois eu declaro o meu amor... Deixamos tudo prá depois como se o depois fosse realmente existir. Só não percebemos que... Depois o café esfria. Depois a prioridade muda. Depois o encanto se perde. Depois o cedo fica tarde. Depois a saudade aumenta. Depois tanta coisa muda. Depois os filhos crescem. Depois a gente envelhece. Depois o dia anoitece. Depois a vida acaba.
É erro grave deixar a vida prá depois. Porque na espera nós perdemos os melhores momentos, as melhores experiências, os melhores amigos, os maiores amores e principalmente as bênçãos que Deus tem prá nós”.
O que não compreendemos é que insistimos em ser papel carbono de nós mesmos, sempre fazendo as mesmas coisas. Clarice Lispector deu-nos a régua e o compasso: “Estou com a impressão de que ando me imitando, me repetindo muito. O pior plágio é o que se faz de si mesmo”. Está corretíssima a escritora, ninguém se reduz a uma única identidade. Ninguem pensa sempre de idêntica forma, enrosca-se no mesmo problema outra vez.
Na arte da vida, o sal, o tempero da obra que se quer realizar é a diversidade, é a imaginação tendo como vertente a imagem do bem. Pelo contrário, lugar de camisa de força é o mesmismo das coisas desgastantemente sempre repetidas... Lembremos que “o depois”, revela outras situações, outras circunstâncias e pode ser tarde demais.
Por quê nós travamos na realidade do momento presente, contaminando a sensibilidade e nos acostumamos com a rotina? O dia é hoje, do jeitinho que ele se apresenta, digno ou não de nossa admiração.
A impressão que temos é que o amor é um sentimento poderoso, mas está sendo abandonado. Aqui se encaixa bem: “Alegra-te no Senhor e Ele satisfará os desejos do seu coração”. Ai Ele te concederá os teus sonhos. O segredo não é ter o sonho, é ser o sonho e Deus se agrada daqueles que o buscam com sabedoria para honrá-lo.
Que tristeza de vida! Que desapontamento é a existência do “nós travamos” entre seres que se dizem civilizados. Pode ser natural, mas é um escândalo deixar para depois essencialidades que precisam ser abordadas e corrigidas com urgência. Alguns exemplos? Atenção aos familiares; orientação sobre sexo; uso racional do dinheiro; prevenção à violência; prejuízos do alcoolismo; economizar-se para falar de Deus; devastação das drogas; a influência perniciosa e destrutiva de filmes e maioria dos programas de TV contrários aos bons costumes da família, à educação dos filhos, ao fortalecimento da ética e mais de trezentas outras situações que estão nos destruindo e nós estamos aceitando com muita facilidade.
Reflexão – A vida é a arte do agora a procura de Deus. O homem ignorante trava direto não porque é sem instrução, mas porque não se conhece a si próprio. Acostumou-se a viver em nichos egoístas quando deveria se preocupar com o melhor que pode fazer para deixar este mundo melhor.
Não há outro jeito, são bem-aventurados os que andam na trajetória dos sensíveis. Que Deus os abençoe para que seu entusiasmo não cesse nunca e sua energia seja usada, no presente, não deixando para depois o que precisa, pode e deve ser feito hoje, enquanto é tempo...
Nós travamos no pouco, no muito e o que deveria ser esperança se transforma em desesperança para muitos. Há quem possa achar que não está ‘travando’. Mas aqui fica uma indagação: Se o leitor tivesse que se definir com uma única palavra, será que essa palavra seria sensibilidade?
É o que o religioso Rossi diz: “Senhor Deus do amor, ensina-me a amar. Mesmo que meus olhos se fechem, ensina-me a amar. Mesmo que meus ouvidos se endureçam, ensina-me a amar. Mesmo que a minha boca silencie, ensina-me a amar”. O desafio é manter a capacidade de ter sempre afeto.
Antônio Valdo A. Rodrigues