“Do amor a gente nunca se desliga definitivamente, pelo contrário, está sempre ligado, sempre a espera...” (Cora Coralina)
Continuísmo de coisas vãs não acrescenta crescimento a ninguém. É um desaproveito do potencial emocional. Talvez um dia, os autores e os leitores possam reforçar seu pertencimento ao mesmo universo de ideias e aspirações. Um exemplo: o pai que curtiu um deserto espiritual e não teve como preocupação a qualidade integral de vida em família. O exemplo dado é apenas um fragmento do problema maior.
Homem de lata eis a questão! Como é esse homem? Quer ser líder, forte corajoso, mas sem se aproximar de Deus ele é um equívoco, é apenas um ‘homem de lata’. Pede todas as coisas como se a felicidade dependesse de Deus, mas vive como se fosse dono da verdade, como se todo o seu bem estar dependesse dele. É mais ou menos assim esse homem, Ele só reclama! Vê os erros dos outros, “se acha o bom”, não vê os seus erros e quando as coisas se complicam, olha mais para a crise do que para Deus... Homem de lata tudo o que faz é errado. Vive para errar... E quando acerta é porque errou. Homem de lata, mulher de lata. Mais algumas de suas facetas. O pai não está sabendo educar. Dá direitos, mas não impõe deveres, obrigações. O esposo tem ao lado uma esposa amorosa, esforçada, mas, ele não a enxerga assim e vai à procura de outra, decepcionando a todos. Homem que troca de mulher, troca de problema... E a recíproca é verdadeira! O filho torna-se rebelde, não obedece à regras, normas, limites, e sempre descumprindo a disciplina, vai ser no futuro, mais um... homem de lata.
O convívio no lar exigia fortalecer-se mais na fé, na perseverança, mas eles se ‘abrasavam’ sem saber administrar as provações. O emprego era tão necessário, mas o pai, irresponsável, não valorizava e não se dedicava. A família era endinheirada, mas, fazia mau uso desperdiçando, não sabendo guardar para quando as vacas estivessem magras... A saúde era tão completa, mas não se pensava em prevenção. As crianças gostavam tanto de pescar, mas os pais não tinham tempo. O endereço de Deus era tão especial para a estabilidade da família, mas todos estavam mais preocupados com coisas materiais. Que pena tudo poderia ser tão diferente! Mas o tempo passou tão depressa... Agora, com a vida se exaurindo, o homem de lata sente que está se enferrujando. Filhos, familiares, amigos estão longe levando o que sobrou de um convívio desfalcado de amor, compreensão, parcerias, mas repleto de vaidades, egoísmos e ausência do essencial. Faltou educação, sensibilidade. Agora só resta pedir a Deus um pouco de graça e misericórdia. Graça é quando Deus dá o que o homem não merece. Misericórdia é quando Deus não dá, o que o homem merece. Entendeu?
Uma historinha: conta-se que duas jovens adolescentes estavam conversando sobre um grande Show de Rock que iria acontecer, no qual era habitual haver extravagâncias comportamentais, consumo de álcool, drogas, sexualidade irresponsável, leviana... Então uma disse a outra: “Eu quero ir ao show, mas meu pai não deixa!” A outra respondeu: “Eu não vou a esse tipo de show, porque eu não quero”. Diga leitor, quem recebeu melhor educação de pais e educadores, e tinha maturidade: a primeira ou a segunda garota? O escritor Olavo Bilac nos ajuda a entender melhor esse homem de lata. “Às vezes, uma dor me desespera... Nestas ânsias e dúvidas em que ando. Cismo e padeço, neste outono, quando calculo o que perdi na primavera. Versos e amor sufoquei calado, sem os gozar numa explosão sincera... Ah! Mais cem vidas! Com que ardor quisera! Mais viver, mais pensar e amar cantando! Sinto o que desperdicei na juventude e choro neste começo de velhice, mártir da hipocrisia ou de vaidade. Os beijos que não tive por tolice, por timidez, o que sofrer não pude, e por pudor, os versos que não disse!” Bilac tem razão, a realidade é mais complicada e menos previsível e o homem de lata com sua “presença-ausente-vazia-insensata”, torna mais difícil a vida de tantas pessoas queridas. Já passou da hora para se resgatar valores fundamentais como: o afeto, a ética, o compartilhamento para fazer do amor um norte capaz de recuperar a sensibilidade no cenário existencial. Reflexão – Homem de lata, na melhor das hipóteses, é maior que os menores, e menor que os maiores. Que fique bem claro ele é um cara medíocre! Mas sempre é possível resgatar o tempo perdido, talvez com mais verdades, propósitos honestos e muita humildade. Provações sempre vão existir para fortalecer a densidade emocional. O velho amor tem que se impor ao homem de lata, assim como, a coerência tem que prevalecer sobre a ilusão, o egoísmo, a ignorância e as coisas materiais. Na linguagem do Mestre de Nazaré: “Homem! Conhece-te a ti mesmo e serás bom”.