“Com que frequência o acordar da criatividade dos alunos é apenas uma conseqüência do potencial amoroso do professor? (Rubem Alves)
Um professor levou para a sala de aula um tijolo de construção e foi logo dizendo: “Meninas e meninos, tenho um desafio para vocês! Prestem atenção! Este tijolo vai passar de mão em mão e cada um de vocês vai imaginar como se fosse um tijolo e dizer o que seria importante para ‘você-tijolo’ ser na vida”.
Um aluno mais ousado quis provocar e contestou: “Mas professor, tijolo é só tijolo e nada mais!” “Não sei!” disse exclamativamente o professor. “Vamos ouvir os colegas”. E ato contínuo, entregou o tijolo para o aluno da frente repetindo a questão: “Se você fosse um tijolo o que seria importante ‘você ser’ na vida?”.
O aluno pegou o pesado tijolo de barro amarelo ocre, olhou demoradamente e disse: “Ah, professor, se eu fosse um tijolo eu gostaria de ser o muro entre minha casa e a calçada”. E passou o tijolo. O aluno seguinte refletiu e disse: “Eu gostaria de ser a parede da sala, fazer parte da minha casa e conviver com todos os familiares”. Outro aluno: “Eu gostaria de estar dentro de uma igreja para ouvir ensinamentos, fazer louvores ao Senhor e ter mais entendimento para ter êxito no futuro”.
E assim foram se sucedendo as falas dos alunos. Todos com muita expressão e criatividade: “Eu quero estar em um hospital para me sentir necessário aos médicos e pacientes”; “Eu quero ser a parede de uma sala de aula, para aprender sempre mais com os queridos professores”; “Eu gostaria de ser uma parede na biblioteca para ver as pessoas lendo, pesquisando e se enriquecendo com mais cultura”; “Eu já gostaria de estar na Câmara dos Vereadores para pedir a eles que fizessem uma lei criando o ‘Dia do Tijolo’, para sermos sempre lembrados”.
O aluno gordinho, mais extrovertido, pegou o tijolo e arregalando os olhos disse: “Eu gostaria de estar em um restaurante para ver e sentir o cheiro, todos os dias, das comidas gostosas, deliciosas”. Todos os alunos riram da palhaçada! E chegou a vez de um estudante “faladorzinho”, mas muito inteligente. Disse ele: “Eu gostaria de estar no Fórum, na sala dos Juízes de Direito, para entender como o juiz consegue ler, entender e julgar causas diferentes com tantos processos urgentes que estão em andamento em sua mesa? Como ele faz para saber o que é verdade e o que é enganação no que está sendo alegado pelos advogados de defesa e de acusação? E o réu? Vai ser condenado ou absolvido? Que responsabilidade! Ser honesto e fiel com os fatos e ainda ter certeza que não vai cometer nenhuma injustiça por condenar um inocente ou talvez, absolver um infrator? Tudo isso é muito complicado!” E após o tijolo ser analisado por todos, voltou às mãos do professor.
O mestre estava começando a elogiar a criatividade dos alunos, quando ouviu uma voz: “Ei, espera aí, e eu não falo?” Era o tijolo falante em cima da mesa do docente querendo manifestar-se. “Claro!”, disse o mestre, “Fique à vontade!” E o tijolo discorreu: “Queridos jovens, gostei de tudo o quer vocês disseram. Parabéns! Não queiram ser só tijolo! Sejam o que vocês quiseram ser, mas seja um bom tijolo, a melhor expressão que possam ser. Mais do que nunca evitem o egoísmo e a indiferença... A vida é cheia de promessas, mas, ela vai ser como deve ser. Jovem, lute para fazer bem a sua parte e você vai ser o melhor. Hoje é o dia! Pense que nunca mais haverá outro dia igual a este. E terminou dizendo: Em algum momento, em alguma hora, você vai ter que ficar sozinho, com a tua consciência. Essa hora poderá ser a melhor hora ou a pior hora em toda tua vida. Entenderam direitinho? Digam que sim!” E a classe, em silêncio, movimentava a cabeça afirmativamente, agradecendo aquela lição de sabedoria e luz...
Reflexão – A gente sempre vai tentando se definir, aliás, vai tentando se definir a vida toda. O homem moderno é “meio-adulto”. Vive represado entre a infância e a maturidade e só vai transpor esse estágio quando estiver preparado para entender que o planeta terra é uma grande máquina de lavar na qual estamos sempre rodando e dando voltas lá dentro para sair melhor do que somos. A propósito, já que falamos de tijolo é a fraqueza, não a rigidez, nos aproxima de Deus. E a magia da fé continua intacta: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam”. (Salmo-127:1)
Nota: Tijolo não tem DNA. O Desoxirribo Nucleico Ácido é a fita genética dos animais e vegetais. Todos os seres vivos são providos de cromossomos, logo todos teem DNA, até mesmo uma simples bactéria.
Antônio Valdo A. Rodrigues