Os conselhos...

“Onde não há conselhos fracassam os projetos, mas com conselheiros confiáveis, há bom êxito”. (Provérbios-15:22)


Meu pai era trabalhador, honesto, humilde e de ótimo caráter. Ele costumava dar sábios conselhos que nos acompanharam para o resto da vida. A vida é cheia de ímpeto e êxtase e conselhos são sempre oportunos e necessários para que o mundo não seja um lugar insuportavelmente chato. O detalhe é que nós aprendemos a dizer o que pensamos, mas não aprendemos a ouvir. Vamos ao ponto central da questão.

Lembro-me que um dia meu pai me disse: “Filho não ande sem dinheiro. O homem sem dinheiro até o rastro é feio. Você está precisando de algum?” Ele estava coberto de razão, afinal o que um homem, sem grana no bolso, vai fazer na rua? Não pode nem pagar o refrigerante, no passeio com os amigos!

Assim meu pai me instruiu a ser um homem digno na escola, no trabalho, na família, enfim, ele me ensinou a ter “vergonha na cara!”

Um dos sábios conselhos que ele me transmitiu foi durante o café da manhã. Ele disse: “Filho, cuidado com teus amigos”. Eu ouvi e pensei: Que isso? Será que meu pai ficou louco? Por que vou ter receio dos meus amigos? Eles são meus amigos! Mas nada falei, só pensei...

Permitam-me contar a história completa como aconteceu. Foi assim: meu pai era o primeiro a levantar. Ele fazia questão de, bem cedo, preparar o café para toda a família. Ele abastecia a mesa para os cinco familiares. Aliás, esse hábito eu aprendi e faço prazerosamente. Mas voltemos à narrativa. Eu era sempre o primeiro a chegar à mesa do café, para logo ir à escola. Idade, 16 anos, ensino médio, começando os estudos magisteriais no Instituto de Educação e Escola Normal Canadá-Santos. E o meu pai disse: “Como vai a escola filho? Tudo bem? “Sim”, disse eu, “Tudo bem meu pai”. E ele falou: “Tome cuidado com teus amigos!” Eu ouvi respeitosamente e nada respondi. Fiquei apenas pensativo...

Passaram-se dias. Eu estava tomando o meu café com leite, pão, manteiga, geléia caseira que mamãe fazia com frutas do quintal. O meu pai, de costas para mim, terminando de passar o café no coador de pano. E ele voltou à carga: “E aí filho? Tudo bem na escola?” “Com certeza meu pai, tudo bem!” E ele disse: “Mas tome cuidado com teus amigos!” Ah, essa era a deixa que eu estava esperando. Disparei: “Pai, não estou entendendo o senhor! Tomar cuidado com meus amigos? Mas eles são meus amigos! Eu Tenho que ter cuidado é com os inimigos, o senhor não concorda?”

Nunca mais esqueci as suas relevantes palavras: “Veja bem filho, os teus inimigos não podem te fazer mal porque você já sabe quem são e onde estão e não permites que se aproximem de você. Já os teus amigos são aqueles, bem próximos. São eles que te pedem dinheiro emprestado. Perdes o dinheiro e o amigo! Insistem para você ser fiador do carro novo que vão comprar, do aluguel da casa mais luxuosa e depois, no descumprimento deles, é você quem vai pagar viu? Há exceções e nesses casos não te furtes de fazer o bem a quem de direito, estando na tua mão, o poder fazê-lo. Outra coisa, os amigos que freqüentam o teu lar, são os que ficam de olho na tua mulher, cobiçando-a. São teus amigos, mas de generosos não teem nada! Vão trair a tua intimidade. Depois é você quem vai chorar o leite derramado”.

Que pena, só bem mais tarde fui entender o significado dos valiosos ensinamentos. Todos os fatos aconteceram comigo. Todos! Por que eu olvidei as palavras do pai? Por que temos essa natureza rebelde?


Reflexão – Há uma grande diferença entre companheiro e amigo. O companheiro oferece parceria confiável, é dádiva de Deus. Ele tem atitudes do bem. Agrega a nós, melhor visão da vida. Ajuda-nos em tempos difíceis de decisão e escolhas. Consola-nos com boas palavras que nos instruem a caminhar em tempo de agonia e sofrimento.

Está certo o teólogo Richard Baxter quando afirma: “Deus recompensa nossa fidelidade a Ele, nos presenteando com bons conselheiros. Conselheiros são nossos Anjos da Guarda. Deus beija nossa face com a existência deles”.

Simples assim: O teimoso sofre mais, por sua infidelidade, porque rejeita a disciplina do Criador, menospreza os bons conselhos... Mas o que aceita a repreensão adquire entendimento.


Antônio Valdo A. Rodrigues
Clima Bebedouro

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