Valor da vida

“A vida não é um enigma para ser resolvido, é um mistério para ser vivido”. (Thomas Carlyle)


Era uma vez uma rica e jovem senhora que estava em Bertioga (SP), passeando, próximo à praia. Logo ela ficou curiosa quando viu um pescador, já com idade provecta, deitado na rede, ao lado de seu barco, cantando: “Eu vou vender meu barco, vou deixar de trabalhar...” A mulher aproximou-se e resolveu puxar conversa com o pescador.

“Por que você não está no mar, pescando?”, disse ela. “Porque já pesquei bastante peixe”, foi a resposta do homem. “Mas por que você não pesca mais peixes do que precisa?”, perguntou a senhora querendo esticar o papo. “O que eu iria fazer com esses peixes?”, quis saber o pescador. “Ah, você poderia ganhar mais dinheiro, comprar um barco melhor, assim pescaria mais distante da praia e pegaria mais peixes. Poderia comprar redes novas, maiores e melhores, pegar ainda mais peixes e ganhar mais dinheiro. Logo você teria mais barcos e seria rico como eu...”

“E depois de rico o que eu faria?” perguntou o pescador. “Aí você poderia descansar e aproveitar a vida...” O pescador passou a mão na barba ainda por fazer, olhou fixamente para a mulher, deu um sorriso maroto e disse: “E o que a senhora acha que eu estou fazendo agora?” Imediatamente pegou o violão, e lentamente balançando-se na rede... “Eu vou vender meu barco, vou deixar de trabalhar...”


A historinha retrata o valor da vida. A propósito, qual é o nosso valor da vida? É “ter” ou é “ser”? E quando chegar o nosso dia para cantar a melodia do pescador, “teremos” muito ou “seremos” muito? O pescador na simplicidade da vida que levava, ia vender o barco, deixar de trabalhar, mas nas entrelinhas não deixaria de ser feliz como sempre foi. A insensibilidade, juntamente com a ganância de querer sempre mais, são coisas do homem que não pensa um pouco. Homem assim é insensato e escolhe as coisas “mais importantes” entre as coisas “menos importantes” para ser feliz na vida.

Sócrates já dizia assim: “A alegria da alma existe nos belos dias da vida, seja qual for a época”. A escritora Cláudia Salles também expressa: “São os pequenos gestos de amor que mostram a delicadeza e o perfume de cada alma”. Paulo Freire também lembra: “Viver é impregnar de sentido, cada instante em tudo que fazemos”.

Mas é Charles Spencer Chaplin que aos 88 anos escreveu em seu diário: “São quatro as declarações que desejo fazer: “Nada é para sempre neste mundo, nem mesmo os nossos problemas. Eu gosto de andar na chuva, porque ninguém pode ver minhas lágrimas. O dia mais desperdiçado da vida é o dia que não rimos. Quarta e última declaração: Os melhores médicos do mundo: a luz do sol; o descanso; o exercício; a dieta; a auto-estima; os amigos confiáveis.

Mantenha esses propósitos em todas as fases de tua vida e você vai desfrutar de uma existência saudável fisicamente e principalmente espiritualmente.

Se você vê a lua, você verá a beleza de Deus... Se você vê o sol, você verá o poder de Deus... Se você se vê no espelho você verá a melhor criação de Deus... Então, acredite Nele. Aqui na terra somos turistas. Deus é o nosso agente de viagem, que já fixou a nossa rota, reservas e destino... Confie Nele e desfrute da viagem chamada vida em todos os detalhes que ela apresenta... Viva a vida de hoje como ela se apresenta, sem murmurar. O resto é simplesmente história”.


Reflexão – Tenho escolhido com muito cuidado os temas das centenas de artigos aqui publicados. O valor da vida, com novos questionamentos, sempre volta à baila para raciocinarmos juntos. A historinha do pescador deixa bem claro que não é o “quanto temos” que dá significado à vida, mas o “quanto desfrutamos”, com graça e paz, daquilo que temos. Somente Deus pode nos dar esse tipo de satisfação: ser feliz como a vida se apresenta.

Momentinho! Deixar de trabalhar, na hora certa, não é um mal! É quando somos despossuídos de grandezas materiais e sentimos realmente o que representa viver. É quando vamos ter mais tranquilidade para exercitar nossa tolerância tendo um bom convívio em família, e como pano de fundo, belas músicas, boas leituras, acomodados em uma rede ao entardecer... Será que tem coisa melhor?

Ah, já resolvi: “Eu vou vender meu barco, vou deixar de trabalhar...”


Antônio Valdo A. Rodrigues
Clima Bebedouro

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