Você é só você

“O maior mal da humanidade é que as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas e as pessoas medíocres estão cheias de certezas”. (Bertrand Russel)


É verdade, você é só você. Não existem no mundo duas pessoas iguais. Você veio só e irá só. Todos nascem e partem sozinhos.

Há um engano, talvez certa ilusão de que entre o “vir” e o “ir” possamos estar junto a alguém. Isso não é uma verdade porque nós permanecemos sempre sós. Fácil entender! Porque se estávamos sós no começo e sós no fim, por que deveríamos estar com alguém no meio? Não passa de aparência, ilusão: a esposa, o marido, o filho, o amigo, o professor, a sociedade, a popularidade, a autoridade, o poder, o dinheiro... Nada é efetivo, nem permanente são exterioridades, porque ser sozinho é o nosso mister. É nosso destino e responsabilidade permanecer só.

A solidão é a nossa natureza. Em alguns momentos podemos achar que alguém ou algumas coisas estejam sendo compartilhadas com a gente. Ledo engano! O outro sempre é o outro e nós nunca seremos ele. Não há nenhuma conexão ou ponto de encontro definitivo. O que existe pode ser considerado efêmero repleto de dúvidas e incertezas. Surpreender-se com o que há já é bom. Pensar sobre o fato, melhor ainda. Quanto a interpretar como definido é fazer uma leitura errada da vida.

Os fatos existiram sim a ponto de te dar a ilusão que estavam contigo e tu estavas com eles. Mas a vida continua acontecendo e sempre tem o momento seguinte que tira alguém ou acrescenta alguém, que embaça a realidade de ontem. O hoje não é capaz de resgatar nada e nenhuma pessoa que já passou porque tudo é diferente. São apenas poucas e insustentáveis as lembranças do que não existe mais. Chega uma hora que você é só você acontecendo e vai ser sempre assim... Acostume-se!

“E aí Valdo, vai mais fundo! Não havia pensado ainda nessa circunstância de “eu ser só eu”. Eu também fico perplexo, mas a história dos homens é a história dos desiguais e viver ultrapassa qualquer entendimento. Na melhor das hipóteses o que fazemos na vida, frugalmente ecoa na eternidade...

Quanto a mim permitam-me compartilhar dúvidas, às vezes, certezas incertas, mas, seja como for uma vida não pode ser parâmetro para ninguém. Eu sou eu e as minhas situações. Eu faço o que quero fazer e o restante do tempo, o que me mandam fazer, mas sou sempre eu tendo como foco a melhor sabedoria, justiça, firmeza, temperança.

A ideia é essa. Eu não posso ser outro. Deus me fez assim, devo ser eu em evolução. Quanto às outras personalidades ou formas de ser já teem dono.

De certa maneira a vida é um deserto e nós estamos lá no meio desse deserto. É o aprendizado da vida a exigir movimento de momento a momento, uns bons, outros nem tanto, e o homem sempre presente pautando o seu caminhar sempre sozinho, às vezes construindo pontes entre esses dois mundos: o “vir” e o “ir” existencial. Outras vezes sem compreender o verdadeiro sentido e propósito da vida, ele vai construindo muros dificultando o convívio, retardando a grandeza espiritual.

Um dia o homem vai compreender que pode ver mais longe não por ser mais inteligente, mas por apoiar-se sobre os ombros de gigantes. Assim mesmo cada novo movimento irrefletido pode gerar um novo erro.

Nada é para sempre! Cada dia é uma vida a ser vivida. Como nos ensina o filósofo Erich Fromm: “A principal tarefa na vida de um homem é dar nascimento a si próprio. É a solidão o modo como o destino conduz o homem a si mesmo”.

Dentro de todos existe uma centelha divina. Compete a cada um desenvolver os talentos que Deus lhes deu ou acomodar-se com suas mediocridades. Esse vai ser o lado iluminado ou sombrio de se viver.


Reflexão – A principal meta de um texto é provocar o impulso da vida que habita dentro de cada ser. Essa é a literatura necessária, útil e reflexiva. Ela instrui, mas não ameaça jamais, até porque, é assim que funciona: cada um é cada um, com o propósito de exigir de si mesmo sempre mais.

Assim é a vida, o importante é curtir o momento e não parar de questionar principalmente de si próprio até porque a existência sempre vai estar cheia de “sim”, “não”, “talvez”.


Antônio Valdo A. Rodrigues
Clima Bebedouro

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