Gotas de amor

“Duas coisas teem mais valor quando são compartilhadas: uma é o conhecimento, a outra é a sensibilidade”. (Marcel Souto Maior)


Muitos dos temas desta coluna teem como foco o amor. Tenho até receio que possa estar cansando o leitor, mas percebo que o amor é inesgotável. É verdade, quando se fala, se comenta, se conhece e se vive vamos descobrindo mais coisas sobre o amor. Em gotas ele vem a nós. Em gotas o repassamos a alguém. Gotas de amor são pedras preciosas que vão sendo armazenadas no coração da gente. Mas afinal o que fazer com elas? A gente acha que está acertando, mas, na boa, quase sempre estamos aprendendo...

O amor é um guia completo para a mudança de comportamento. Alguém pode pensar assim: “Eu já amo! Não preciso dessa mudança de comportamento”. Você ama? Tem certeza? Como você sabe que realmente ama? A regra é clara: “Quem ama não guarda rancor de ninguém”. Entendeu, ninguém! Até uma magoazinha pode existir, mas rancor não! Rancor é ruindade, é não perdoar é odiar, ter aversão. Se há rancor não há amor! Dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço da mente. Ou vale um, ou vale o outro. O rancor é um véu que impede de ver com clareza, que todos podem errar, mas que tudo vai melhorar amanhã. O dia seguinte é sempre o dia seguinte.

O rancor é cruel. Ele vem acompanhado da cruel indiferença. Como a indiferença dói! Ela machuca mais que o rancor. Ela é silenciosa, lacônica e parece dizer assim: “Pode tirar a tua esperança, a tua expectativa da minha frente que eu quero passar com a minha arrogância!” Existe coisa pior do que essa frieza tão silenciosa e tão próxima que nos mantem tão distantes? A indiferença mata! Mas, apesar de, a vida segue bela e intensa, afinal, se a vida fosse fácil não teria graça.

A nossa natureza é de paixão pelo que há no mundo. Nosso grande mal é achar que ouvimos tudo, ouvindo a nós mesmos. É muito pouco! Não podemos moldar a nossa vida em torno do que nós achamos. Na maioria das vezes achamos o que não serve prá ninguém e nem pra nada.

As dificuldades acompanham mais de perto as pessoas que vivem um mundo sem esperança. E elas ainda dizem: “Está bom assim!” É inaceitável acostumar-se a conviver com opressão e desânimo. O egocentrismo é uma lástima! O egocêntrico pensa assim: “Cada um que fique no seu cada um”. Constroem muros em vez de pontes. Existe coisa pior que isso? Não se trata de se ter que gostar de tudo e de todos, mas que se aprenda a aceitar com tolerância quase tudo! Uns declaram que é difícil entender isso. Não é não! Como pode alguém passar a vida procurando a sua “cara metade da laranja”, se ela, a pessoa, é um limão azedo? A propósito, metade da laranja é utopia, é mito. Isso não existe!

Por outro lado o amor não é fuga para duas pessoas que não sabem ficar sozinhos. O amor é a tentativa de compreender alguém repartindo alguma coisa. Se vai conseguir ou não é outra conversa, o que vale é a tentativa. Ninguem tem o direito de amar obcecadamente e nem de cristalizar a sua vida em torno do amado. Vai correr o risco de seqüestrar ou ficar refém, o que não é saudável em nenhum dos casos.

“Valdo, eu estou conseguindo não entender nada do que você está falando. Dá para explicar melhor essa coisa de gotas de amor?” Sem dúvida, vamos esclarecer. Os homens são tão burros... Não entendem nada de mulheres. Tudo porque não aprenderam ainda a enxergar e colecionar as gotas de amor. Simples assim, a sede da alma está na memória, mas, os homens teem memória fraca. Ficam facilmente vulneráveis a um desejo que passa e nada mais. Tambem sempre estão querendo vivenciar circunstâncias diferentes enganosas, que os levam a vários “nadas”. Apagam de suas vidas as gotas. É fácil entender o tamanho do prejuízo da ausência desses “perigos do amor”, parafraseando o Evangelho: “O homem que não é fiel no pouco, não é fiel no muito”. Está entendendo agora? Tudo é difícil antes de se tornar fácil.


Reflexão - Abençoa Senhor, as gotas de amor que pacienciosamente derramam sobre mim. Abençoa tambem as minhas que apesar das limitações que tenho me esforço ao máximo para transformá-las em um ensaio de vida, com mais verdades e menos insensatezes.

Demora um pouco, mas um dia a gente entende que na vida tudo é ilusão, só Deus não é ilusão. O que há com os homens heim? Por quê demoram tanto para entender isso?


Antônio Valdo A. Rodrigues
Clima Bebedouro

FCTV Web