“Somos pessoas em transformação, ajudando pessoas a serem transformadas”. (Khalil Gibran)
A literatura é a arte da palavra e a escrita é uma janela para o mundo. Como conceber um texto com clareza, precisão, elegância e correção, tornando mais eficaz a relação do escritor com o e leitor? Isso só acontece quando a comunicação é feita com requisitos de qualidade.
O professor, jornalista e redator, Eduardo Iha, com uma excelente “sensibilidade grisalha” é um forte referencial para que a nossa língua não perca o seu padrão de verdade e não se degenere. Diz ele: “O bom texto deve ser claro e conciso. A clareza é a principal qualidade que o texto está comunicando bem. Ser conciso é comunicar o que é necessário, com o mínimo de palavras, sem repetições sem prejudicar a clareza da frase. É ser objetivo e direto”.
Continuando o jornalista dá bons exemplos de desnecessárias “gastança de palavras”, retirado de bons jornais:
* “A largada da maratona será no Leme. A chegada acontecerá no mesmo local da partida”. Bastava ter escrito: “A maratona terá o Leme como ponto de largada e de chegada”.
* “O procurador encaminhou ofício à área criminal da Procuradoria da República determinando que seja investigado”. Sendo direto: “O procurador mandou investigar”.
* “A posição do governo brasileiro é de que esgotem todas as possibilidades de negociação para que se alcance uma solução pacífica”. Enxugando a frase: “O Brasil é a favor de uma solução pacífica”.
Em outras palavras devemos pensar para escrever para evitar os “pedregulhos lingüísticos” sem sentido que predominam no estilo de alguns escritores prolixos. Para ilustrar veja um exemplo de pós-modernismo; pós-estruturalismo e marxismo literário da militante feminista Judith Butler. “A passagem de uma explicação estruturalista em que o capital é entendido como estruturando as relações sociais de maneiras relativamente homólogas para uma concepção de hegemonia em que as relações de poder estão sujeitas à repetição, convergência e rearticulação trouxeram a questão da temporalidade para dentro do pensamento sobre as estruturas e marcou uma mudança com a totalidade estrutural como objetos teóricos para uma forma de teoria em que as intuições a respeito da possibilidade contingente de estrutura inauguram uma concepção renovada da hegemonia como ligadas com os espaços e estratégias contingentes da rearticulação do poder”.
Não entendeu? Sabe por quê? Porque o texto é uma overdose de prolixidades palavrosas superabundantes. São os tais “pedregulhos lingüísticos” pós-modernistas... Cuidado Valdo essa doença pega! Chô! Sai prá lá!
“Risco de vida” ou “Risco de morte”. Este é outro enfoque que o Professor Iha esclarece. “Não é uma questão de certo ou errado, nem uma imposição.
Basta observar que muitos jornalistas usam “risco de vida”, como fala a maioria dos brasileiros. É uma questão de preferência ou de padronização jornalística. Como o risco é de morrer, alguns preferem dizer: “risco de morte”. Outros preferem “risco de vida” que é sem dúvida mais usual e que não tem nada de errado, pois podemos subentender “risco de perder a vida”. É apenas uma questão de escolha Eu (Eduardo Iha) prefiro: “risco de morte”. E eu (Valdo) prefiro “risco de vida”. E você (leitor) o que prefere?
Reflexão – Fernando Sabino está certo: “Um texto que nada acrescenta nada subtrai, só pode ser curiosa tentativa de não levantar a fervura e pretender seduzir pela tepidez”. Faz sentido não?
Escrever envolve dois momentos: 1- Formular pensamentos, sobre aquilo que se quer dizer. 2- Expressá-los por escrito é a redação propriamente dita. Fazer uma redação é organizar idéias sobre determinado assunto. O que é bem concebido se enuncia claramente. Isto quer dizer que as coisas deverão estar claras para quem escreve antes de serem comunicadas. As criatividades, a imaginação, representam molas mestras para a boa redação. Escreva o que quiser, só não deixe de escrever sempre mais.
No livro: “Guia de Escrita” de Steven Pinker-Contexto, há boas dicas para escrever bem. Outro livro: “Viva a Língua Brasileira”, de Sergio Rodrigues- Companhia das Letras, também é leitura imperdível!
Antônio Valdo A. Rodrigues