Arrependimento ou remorso?

Perdoar não significa esquecer a ofensa ou não sentir revolta e mal-estar diante do ofensor ou da lembrança da ofensa. Perdoar não é mero sentimento negativo, sensibilidade ferida, mas é “decisão racional”, isto é, “querer perdoar”. O próprio Jesus Cristo nos recomenda: É preciso querer perdoar, mesmo que nossa vontade seja humanamente contrária, não alimentando vingança no coração e pagando o mal recebido com o bem.

 

Arrependimento Autêntico: não há necessidade de pedir perdão expressamente, mas devemos demonstrá-lo através de atitudes positivas e sinceras; compensar a ofensa no reconhecimento das virtudes da pessoa ofendida, fazendo-a feliz. Se se tratar de um prejuízo material (roubo), procurar devolver discretamente ou de maneira anônima, de uma só vez ou parceladamente para a pessoa vítima, ou para alguém mais carente que ela, ou ainda para uma entidade religiosa ou filantrópica.

 

Arrependimento e remorso são a mesma coisa? Como distingui-los?

Se formos analisar, a reação, tanto de arrependimento como de remorso, é basicamente idêntica. Porém, aprofundando um pouco mais nossa análise, descobrimos uma diferença fundamental: sua motivação.

O que nos leva ao arrependimento, além de reconhecer o próprio erro, é sempre a pessoa ofendida, o mal que lhe causamos e as consequências do nosso erro em detrimento da pessoa ofendida. Isso se realiza de forma profunda e tranquila.

 

EXEMPLIFICANDO BIBLICAMENTE:

 

Filho pródigo: Abandonou seu pai e irmão e saiu mundo afora, gastando desregradamente sua herança. Pensou só em si. Iludido pelos prazeres do mundo, acabou num chiqueiro, sendo-lhe negada até mesmo a lavagem dos porcos para poder saciar sua fome. Teve vontade de voltar para a casa do pai. Por arrependimento?

 

Judas Iscariotes: Um dos doze escolhidos por Cristo como apóstolo e que O vendeu por trinta moedas de prata, com a intenção de tirar proveito pessoal. “Caindo na real”, procurou os responsáveis para devolver as moedas, porém eles não as aceitaram. Então, no desespero, foi enforcar-se. A atitude de Judas foi de arrependimento ou remorso?

 

Zaqueu: Feliz e agradecido pela presença do Mestre em sua casa, disse a Jesus: “Senhor, darei a metade dos meus bens aos pobres e, se prejudiquei alguém, vou devolver quatro vezes mais”. Como constatamos, Zaqueu demonstrou, com humildade, que estava arrependido e disposto, concretamente, à conversão de vida, aderindo a Cristo no serviço aos irmãos. Isso, sim, significa arrependimento!

 

Resumindo: 

Remorso – a motivação prioritária é a nossa própria pessoa. É uma espécie de autopunição. Se não conseguirmos reverter satisfatoriamente a situação, leva ao desespero. Nosso orgulho não nos permite pedir perdão à pessoa ofendida nem demonstrar que erramos e que queremos ser perdoados. Essa reação é terrível, chegando algumas vezes ao extremo.

 

Arrependimento – destaca-se o reconhecimento da ofensa ao outro, humildade em aproximar-se da pessoa ofendida, mudança de comportamento ou conversão e propósito firme de compensar o mal que cometeu, sujeitando-se às consequências, sem reclamar.

 

Enquanto houver vida há esperança! Onde houver esperança existe possibilidade de conversão, com a graça de Deus!

Por remorso ou arrependimento, aproximemo-nos do Cristo Misericordioso que está sempre de braços abertos para nos acolher e perdoar!

 

Cônego Pedro Paulo Scannavino

Paróquia São João Batista

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