O sábio e o rei

“A ignorância nunca vai embora. Ela apenas muda de lugar, brinca de esconde-esconde com a gente”. (Clarice Lispector)


O homem vive sempre no limite entre a ignorância e a sabedoria. Vamos entender este “impasse” com uma historinha...

“Era uma vez um homem simples, humilde que vivia “de bem” com a vida. Como assim, ele não errava? Claro que sim! Como qualquer outro homem ele também errava, mas como pensador, contemplava a complexidade da vida e aprendia com seus erros para não cometê-los mais.

O sábio permanecia sempre sereno e entendia que ninguém pode levar uma vida“faz de conta”, mas precisa ter propósitos verdadeiros, para que a alma encontre o equilíbrio com o corpo. Vivendo assim ele disfarçava os males do mundo com um sorriso amigo. Esse verdadeiro “gentleman da vida”era muito admirado por todos que paravam para conversar com ele para saber qual era o segredo de sua serenidade e bondade.

Certo dia ele foi chamado para comparecer ao Castelo, pois o Rei desejava muito falar com ele. E assim aconteceu. O Rei foi logo falando: “Amigo, você vive sempre alegre e feliz. Diga-me, nunca se preocupa com o seu destino? Nunca pensa nas coisas erradas que faz? Nos pecados que comete e dos quais Deus vai pedir explicações? Afinal somos todos pecadores...”

O pensador atento às palavras respondeu: “Alegro-me por estar na presença do Rei! Quanto aos questionamentos são todos verdadeiros.Realmente a gente vai ter que dar contas das coisas erradas que faz. Deus é a relevância maior. Vou usar uma metáfora para explicar melhor. A gente está amarrado a Deus por uma corda e se pecamos a corda se rompe. Quando a gente se arrepende e repara o erro o que Deus faz? Ele faz um nó para reatá-la e assim a corda fica mais curta e nós ficamos mais perto de Deus”. O rei concordou.

E o sábio continuou: “Nem sempre acertamos. O homem continua errando, pecando, mas Deus perdoa e faz mais nós na corda. E o ser humano vai se aperfeiçoando cada vez mais e ficando próximo do Criador”.

O Rei gostou muito do ensinamento e entendeu que Deus tem uma grande reserva de piedade, compaixão, misericórdia e que Ele não se economiza para ajudar o homem a aproximar-se da sua luz mesmo que a vida seja atormentada.


Vamos conjeturar um pouco mais sobre a historinha. No fundo todos nós somos confusos e destituídos de pureza, então pecamos muito. Somos “nanicos espirituais” e limitados nos propósitos. A alma da gente está sempre desassossegada.É difícil viver sem pecar. Mas a vida é assim mesmo, é feita de mentiras e ilusões. A gente nunca se define e nem se compreende por completo. A existência é um eterno escrever e reescrever nossa passagem pelo mundo. E nessa escrita há: apagamentos, rasuras, rabiscos, emendas, espaços em branco, tudo misturado para a apresentação final no final. Até o lirismo, a poesia, o romantismo que constitui a boa memória do passado é subitamente cortado por asperezas e espinhos. 

Assim, a única palavra que vale para todos e para sempre é a que anuncia o “adeus”. Afinal quem é capaz de ensinar os caminhos da vida sem apontar para dúvidas, encruzilhadas, intervalos, lacunas, vazios, prantos? E pensar que tem gente que acredita que a vida é uma festa sem fim... A vida é feita mais de pensamentos pretendidos do que de finalmentes conseguidos. Mas o pior mesmo é que ninguém sai desta vida com vida!

Reflexão –E para fazer de nossa vida um espetáculo não podemos nem pensar em perder o convívio com o bem. Ação irresponsável é sinal que estamos nos afastando da luz!

Momentos difíceis sempre vão existir, mas é bom não perder de vista que viver é a aventura mais estupenda do amor e se você quer ter confiança em alguém o faça profundamente e o presenteie com o teu sonho. Fique com a sabedoria. “How great is our god”, traduzindo: “Quão grande é nosso Deus”.

Felizes os que com humildade são capazes de fazer esta súplica:

“Bom mestre! Que farei para herdar a vida eterna?"


Antônio Valdo A. Rodrigues
Clima Bebedouro

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