Arte de saber

“Na verdade só sabemos quão pouco sabemos, pois com o saber cresce a dúvida”. (Goethe)


O que é mais importante? Saber ou não saber? Depende! O saber é bom, mas exige mais envolvimento, reflexão e maior responsabilidade.

Vamos dar um exemplo. Não há nada de errado que eu esteja ao lado de um helicóptero sem saber pilotar aquela coisa. Agora se eu fui treinado para pilotar helicópteros e se naquele momento eu tiver que levantar um vôo com a aeronave, o meu “saber” pode representar satisfação ou preocupação.Tudo vai depender da minha perícia, habilidade, prática, experiência e também das condições atmosféricas do momento. Nestas alturas do desafio o que seria mais desejável para ser feliz? Saber ou não saber conduzir o helicóptero?Qual deveria ser a escolha certa?

A vida é assim mesmo, depois de um tempo aprendemos que não importa o quanto sabemos. A verdade é que algumas pessoas sabem pouco e bem menos que nós e nem por isso são menos importantes do que a gente!

Paralelamente ao nosso “não saber”pode ocorrer os desvios de personalidade que vamos chamar de “desfaçatez”. Desfaçatez é cinismo, atitude imprópria, atrevimento, desleixo, falta de pudor. É algo que contraria a decência e a honestidade. É uma espécie de negligência. A pessoa sabe que não pode fazer algo porque é errado, mas faz! 

A vida é um mistério explícito. Mas por ser explícito temos que torná-la mágica no instante seguinte. Shakespeare já afirmava: O mundo todo é um palco. E todos os homens e mulheres apenas atores. A vida não é linear. Carregamos dentro de nós uma tempestade, um mar, um rio, um luar... Os obstáculos são os mesmos para todos, mas,os resultados são melhores para alguns. Assim é a felicidade, um gozo finito de uma trajetória infinita. E toda trajetória é infinita na qual estamos em processo de aprendizagem!

Willian James costumava dizer: “Nós temos tantas personalidades quantas as pessoas que conhecemos”. Talvez ele estivesse querendo dizer que “desfaçatez” é apenas o lado negativo que as pessoas despertam em nós para provocar o nosso verdadeiro “eu”. Na verdade ele tem razão porque as pessoas, em algum momento da vida, têm o seu lado esquizofrênico e apresentam suas mentiras como se a vida fosse um esconde-esconde em que ninguém se encontra.

Desculpem-nos a pureza do detalhe, mas será que não é isso que dá um ar de graça à vida? A mistura desses personagens tão “sem noção e saber”, ora existentes na gente, ora bem ao nosso redor?Já imaginaram que chatice seria a vida sem as desfaçatezes deles e as nossas? Isto explica por que pessoas importantes são afetadas por“Zé-ninguéns”, mas, logo os“inteligentinhos” atingidos vêm dar o troco.Tiram do baú seus descaramentos e despejam potência para todos os lados. E haja merda em todas as direções!


Nisto reside o ponto mais alto do saber e consequentemente da felicidade humana. Primeiro querer saber, depois ter humildade para estará prendendo sempre mais. Humildade é reconhecer que mesmo naquilo que se é bom é possível melhorar sempre mais. Não sendo assim seremos mais um “bostão”, cheio de ilusória autoridade e poder, mas com uma sabedoria “magrela e amalucada”. Aliás, nenhum de nós é muito bom em assumir os limites da própria burrice e estupidez!

O filosofo Rousseau diz com muita convicção: “A felicidade reside dentro de nós e não está no poder dos homens fazer com que fique realmente desgostosa uma pessoa determinada a ser feliz com ou sem saber”. Ninguém vive o saber com total segurança! Curtir a vida é um eterno ficar refém de um saber que nunca vem por completo.


Reflexão – Os mais de duzentos países existentes no mundo estão todos empobrecidos de líderes valorosos. Poucos são aqueles guias que despertam nossa admiração! Afinal o que lhes falta? Sensibilidade e uma visão expandida para compreender que: “Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu ainda como convém saber”. Isto está em 1ª Corintios 08:12. E o que lhes sobra? Vaidade, arrogância e total ausência de Deus.

É ainda não dominamos bem a arte de saber e estamos longe de ser sinceros e ajuizado para dar mais vazão à verdade e menos vazão à hipocrisia!


Antônio Valdo A. Rodrigues
Clima Bebedouro

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