A tecnofobia

“Para as rosas o jardineiro é eterno. Para os homens Deus é o significado da vida”           (Machado de Assis)

 

Considerações - Eu sou tecnofóbico. O que é isso? É uma espécie de medo, aversão enervante ao conjunto dos processos de uma ciência. Acredito que a tecnologia é importante e necessária. É até um caminho sem volta, mas não pode embaçar o brilho da sensibilidade humana. Explico: Quando escrevo eu tenho como preocupação, ser um articulador dos sentimentos. Este é o ponto, ser um observador da alma humana, mesmo com a velocidade com que se vive, sendo ela, inimiga da reflexão. 

 

Os imbróglios - É difícil não se dizer nada, quando se está pensando muita coisa. Vejamos, todo mundo tem as mesmas angústias, mesmas dores: sofre de amor, depressão e de desenganos. Os humanos são iguais em qualquer lugar. A gente tem esse viés porque o mundo está corroído, caótico, saturado de angústias. Essa é a leitura que faço da vida. Não precisamos nos repetir, precisamos apenas fazer a diferença.

 

Então surge o texto – A inspiração chega de repente, com a rapidez de uma estrela cadente que acende a mente e o coração, e fazem a gente ‘peitar’ esses legados da vida. O resto vai da valsa. É só deixar fluir a natureza humana. É por isso que a literatura mexe com a emoção de todo mundo. Ela faz o que a tecnologia não é capaz de fazer. Vivemos o apogeu da expectativa, da tensão tecnológica. Só não sabemos se o final vai ser mais importante do que o momento presente. Não adianta enfatizar os fogos de artifício de encerramento se foi fraco o desempenho no presente mesmo com essa ‘overdose’ de coisas técnicas. 

 

Virtudes e falhas – Não é fácil viver tempos interessantes com tantos desinteressantes. Eles sabem um pouco de tecnologia, mas consideram o ‘pertencimento humano’, dimensão secundária. A espécie ‘sapiens’, está se acostumando com a ânsia de sofrer. Está deixando escapar por entre os dedos a sensibilidade. Parte do sofrimento do mundo vem dessa patologia do comportamento.

 

Direto ao ponto – A tecnologia é altamente benéfica, mas produz expectativas de que é a única solução e com isso nos torna dependente. Temos a tecnologia, mas não a esperteza para saber o que fazer com ela. A parafernália de novidades confunde a boa utilização. Vamos entender isso direitinho. A máquina de lavar roupas tem vinte e cinco comandos para que roupas e máquina estejam em conformidade. Utilizamos apenas dois ou três. A máquina faz de conta que lavou bem e nós fazemos de conta que a roupa foi bem lavada. 

 

Amor ou tecnologia? – E se você pudesse escolher, decidiria viver com amor ou com tecnologia? Sem forçação de barra, não há arte maior do que amar as pessoas. É ilusão achar      que a técnica vai resolver tudo. O computador presta relevantes serviços, mas veja que contrassenso, sem contar as letras, o teclado tem oitenta comandos diferentes para que a redação tenha os melhores requisitos. Mas, por que cargas d’água a gente não os utiliza? Afinal, para que Bill Gates fez algo com tanta significância e nós fazemos esfacelado uso?

 

Telefone inteligente - É um oceano de recursos para a melhor informação. Mas no cotidiano ficamos com as redes sociais e o que deveria ser extraordinário é apenas ‘ordinário lugar comum’. Não adianta jogar um véu sobre o mundo e viver como espumas levadas pelas ondas. Vai chegar a hora e a civilização vai pagar o preço.

 

Reflexão – Homens façam a sua escolha. Eu já fiz a minha. Não somos ricos pela materialidade que passa, mas pela espiritualidade que permanece. O significado da vida é valorizar a técnica sem apequenar a sensibilidade. Tecnologia é necessária. Deus é necessário. O que importa é segurar essa onda sem deixar de ser o que você é: um ser que foi feito para amar.

 

Nota– A sensibilidade? Ah, a sensibilidade. Depois a gente fala de sensibilidade. Só que o depois é feriado. Algo está errado! Hipócritas é o que somos.

 

Antônio Valdo A. Rodrigues

Serra Negra – SP

E-mail: valdo11rodrigues@yahoo.com.br

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