Homem macaco

“Sua falta de fé é perturbadora” (Darth Wader)


No reino encantado do “Era uma vez”, alguns animais são apresentados como exemplo de vícios ou virtudes: a raposa sagaz, a cigarra imprudente, o cão fiel, o macaco arteiro, atrapalhado. Eles nos ensinam! Hoje vamos observar os macacos. O jeito de o homem ser, se assemelha ao jeito dos macacos?


Era uma vez quatro macacos amigos que viviam macaqueando, fazendo o que gostavam de fazer: algazarras, estripulias. Pulavam de galho em galho divertindo-se, e tambem procurando frutas. Em certo momento eles pararam em uma grande árvore. Enquanto comiam bananas um deles falou: “Eu não sei o que quer dizer amar!”, e jogou um coquinho na cabeça do outro. “Não sei e não quero saber”, disse o outro comendo vorazmente bananas e dependurando-se nos galhos. “Ora, deixem disso!”, gritou um terceiro e continuou: “Que se dane o amor! Para que serve aprender a amar se há bananas e macacas para todos nós?” O chefe, um macaco velho, conservador que a tudo observava, chamou para bem perto de si os três macacos faladores e pôs um fim à discussão: “Macacos, prestem atenção, eu sei o que estou falando, tentem proceder melhor, mas assim mesmo, do jeito que vocês são”. Moral da história: Macacos agem com o instinto animal, repetem coisas materiais, teem como rotina e alvo de vida bananas, macacas. Os homens não são muito diferentes, se economizam para raciocinar, fazem da sensibilidade um faz de conta que acontece.


Quanto tempo o homem precisou para se levantar? Perdeu séculos com religião sem consistência, ética, moral, lógica, poesia, ciência e tecnologia, mas parece que não aprendeu absolutamente nada sobre sensibilidade. Que lástima! Valorizou tanto as exatas, mas foi leviano com as humanas. Até quando o homem vai insistir em espremer-se atrás da alma? Até quando o amor vai ser a coisa mais importante entre as coisas sem importância?

A questão é: Por quê o homem não sabe amar? Por quê ao final só resta indiferença? Por quê a força do belo sentimento amoroso não se firma, não decola e o encontro se torna tão breve? Era tudo tão cheio de graça, alegria, mas tudo passou... Será que um dia, o que é desimportante vai ceder espaço ao que é fundamental? A regra é clara: Não se muda o amor para caber no homem, se muda o homem para caber no amor.

Até hoje nenhum especialista do “eu interno”, da alma, conseguiu explicar por quê com o tempo essa sensação tão prazerosa de amar se enfraquece radicalmente. Seria porque a condição humana só valoriza, só tem sensibilidade para identificar bananas e macacas? Bem-aventurado o homem que permanece forte no amor, na boa vontade e não anda na trajetória dos ímpios. Quem ama de verdade tem lastro suficiente para uma fiel parceria.

E já que falamos em macacos podemos falar de árvores. Vejamos! A árvore cresce pelas raízes e pelos galhos. Quando prevalece a busca de prazeres materiais, dizemos que o crescimento foi pelos galhos, assemelhando-se a uma dívida impossível de saldar, assim, enfraquece as raízes tornando-se frágil. É por isso que muitas árvores e homens, inexplicavelmente à margem da vida, acumulam galhos demais, sem uma busca do sentido final. Como o equilíbrio é tudo, as raízes não resistem, sucumbem ao primeiro vento forte...

Nós somos o grande espetáculo do universo, pelo menos deveríamos ser. Há os que subestimam o amor mas façam-no por sua conta e risco. O poeta bebedourense Jorge Trevisol, expressa com clareza o vazio que não pode existir no ser humano: “O que eu penso a respeito da vida? É que um dia ela vai perguntar o que eu fiz com os meus sonhos e qual foi o meu jeito de amar... E tambem o que é que deixei às pessoas que no mundo vão continuar...”

O que me preocupa é o frágil apego à realidade emocional, espiritual. Faltam-nos relações mais intensas, não só no cérebro, mas no coração, nos sentimentos, mediadas pela lógica da dedicação, sem perder a familiaridade com a tecnologia. Sim ao ‘progresso tecnológico’, não ao ‘enfraquecimento da sensibilidade’.


Reflexão – Isso é tudo Valdo? Quase tudo! Só mais um detalhe, o homem tem que ter zelo pelo que pensa, fala ou faz. Isto é ser racional. Não pode ser conduzido pelas circunstâncias, mas sim, conduzir as circunstâncias.

Amar é duas vezes abençoado: por aqueles que dão e por aqueles que recebem pelos que amam e pelos que são amados e isto só acontece quando Deus está na causa.

Enquanto o homem for estripulento privilegiando instintos, vaidades, egoísmos... Enquanto se sentir satisfeito com sua perturbadora falta de fé, de amor, sua vida vai ser cada vez mais dura com viés de ficar pior.


Antônio Valdo A. Rodrigues
Clima Bebedouro

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