O rei e o poeta

“Se você não aprimorar os seus talentos, os dotes que Deus lhe deu de nada valem”. (Victor Hugo)


Certo dia, um rei que apreciava a arte dos jograis, dos poetas perguntou ao poeta: “Diga-me poeta como você faz para ter tanta inspiração e idealismo sonhador? Qual é o segredo para falar sobre o amor e com tão lindos argumentos e despertar nas pessoas o sentimento do belo?”

O poeta pensou, pensou e respondeu: “Majestade, a gente não escolhe o talento que tem. É o nosso talento que nos escolhe, mas posso lhe dizer senhor rei, que é um segredo e segredo a gente não revela, até porque, é dom de Deus que já vem com o pacote da vida e na verdade ninguém sabe explicar. Por isso é segredo entre o Criador e nós. É o único mistério que temos certeza que ninguém ficará sabendo. Quanto aos outros, são segredos “faz-de-conta”, isto é no colóquio do dia-a-dia são sussurrados à meia boca e revelados em todos os detalhes, e o pior, logo se espalham pelo mundo como plumas ao vento”.

“Estou gostando das explicações”, disse o rei “mas fale mais, diga-me agora o que é a vida para você?” O poeta olhou bem sério nos olhos da Majestade e disse: “A vida é uma carroça subindo uma íngreme e infinita estrada. Só que essa carroça é pesada então tem as pessoas que puxam, as que empurram e também as que viajam em cima da carroça dando ordens para que todos estejam a postos em suas mais diversificadas funções para que a marcha não cesse nunca. Essa é a lei: ‘Onde se está, bem ou mal, aí é o nosso lugar temporário”.

E continuou o poeta: “Os que puxam ou empurram a carroça não teem tempo para pensar na tristeza. São como as serviçais abelhas. Sua majestade, por acaso, já viu uma abelha parada, pensando na vida? Elas vivem o seu zum-zum, zum-zum em constante visita às flores, levando o mel à colméia”. “Mas”, interrompeu o rei, “onde ficam os mais felizes?” O poeta esclareceu: “Nem tudo é o que parece majestade! Pouco importa às pessoas pensar se elas estão puxando, empurrando ou em cima da carroça. O que importa é que todos os indivíduos fazem parte do conjunto da obra, que é feito de verdades, mentiras, erros e ilusões. Elas sabem que na carroça da vida tudo um dia tudo vai acabar seja qual for a tarefa: missão, provação ou satisfação. É assim mesmo o destino ele é arrasadoramente maior que a morte.

É a vida contraditória, imexível, mas se mexendo do jeito que ela quer nos levar e nós vamos sendo levados nesse comboio existencial. Assim sempre vão existir os diferentes: os incluídos nascem para sorrir e serem aplaudidos; os excluídos nascem para silenciar e aplaudir o espetáculo. A vida é assim mesmo! Não adianta querer explicar o teatro absurdo”.


Para o rei aquele encontro foi gratificante, ele aprendeu muito sobre a vida. É a vida uma incompreensível bagunça não importa para quem. Nunca vão existir os que sejam felizes de verdade.

Tudo porque o ser humano apóia-se em cinco pilares: físico, mental, emocional, espiritual e social e essas vertentes de felicidade nunca estão alinhadas em equilíbrio e harmonia. Simples assim, se é felicidade não é para sempre. Se é para sempre não é felicidade, é outra coisa. Todos nós estamos vagando na terra, atrelados a mesma carroça. Uns teem medo da caminhada porque não confiam no poder de Deus. Não entendem ainda que Ele é bom. É bom para sempre. É bom para todos.

O ser humano sempre quer ser um mágico fabricando ilusões, mas a realidade é outra. O escritor José de Alencar diz: “A felicidade nasce do querer, da determinação, da persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca vencer os obstáculos, no mínimo é vencedor porque faz coisas admiráveis”.


Reflexão – É atribuída a Goethe: “Especialistas sem espírito, sensualistas sem coração. E esta nulidade de especialistas e sensualistas se considera, ainda por cima, supra-sumo da civilização. São pobres, principalmente de espírito. Desconhecem que o caminho é feito de princípios e princípios moldam o caráter”. Vitor Frankl que sobreviveu ao extermínio nazista diz: “Quando a situação for boa, desfrute-a; quando for ruim, transforme-a; quando não puder ser transformada, transforme-se”.


Antônio Valdo A. Rodrigues
Clima Bebedouro

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