Ninguém vive o que prega (Nem Willian Waack, nem os jesuítas)

A partir de sábado passado, dia 27 de janeiro, contra minha vontade, minha coluna não seria mais publicada. Sendo assim, estava em andamento um acerto, com outro jornal local, sobre a possibilidade de eu escrever lá.

O João Negrini, proprietário da Folha da Cidade, embirrou comigo. Mas o Antonio Mignolo, o Filó, e o Casemiro Rasteiro interviram em nome da Secretaria Municipal dos Assuntos para a Esquina do Pecado, pasta da qual o primeiro é Secretário titular e o outro, vice. Fizeram uma choradeira danada e o João Negrini, que não gosta de choradeira, acertou que vai me tolerar mais um pouco. Mas o assunto de hoje é outro.

Ao contrário do que parece, ele ainda não está com gosto de café amanhecido. Por mais que se defenda, que peça desculpas, que ainda tenha um público disposto a acompanhar seu trabalho, o jornalista Willian Waack terá enormes dificuldades para restaurar a imagem de credibilidade que tinha antes de seu comentário de caráter racista, involuntário ou não, gravado nos bastidores de uma reportagem. Quebrou uma regra de ouro a que todo ente público é obrigado a se submeter: a discrição em temas que envolvam discriminação de qualquer natureza.

Apesar do apoio de alguns colegas de peso na imprensa (Augusto Nunes, Glória Maria, Heraldo Pereira, entre outros), qualquer veículo de comunicação, qualquer patrocinador, independente da competência desse jornalista, pensará duas vezes antes de contratá-lo. Se não fosse assim, a Globo não abriria mão de um profissional tão qualificado.

Não excluo a possibilidade da existência daqueles que não estendem qualquer apoio ao jornalista. Estes, ficam sem voz. A opção assume dimensões de precaução a fim de não sofrerem prejuízos profissionais (retaliações) por parte dos colegas que apoiam Willian Waack.

Há algumas décadas, o fato bombaria, mas sem o estrago do momento. No Brasil, a escravidão dos negros teve início com a produção do açúcar na segunda metade do século XVI, Nessa época, os jesuítas, por exemplo, protegiam os índios, mas faziam vistas curtas à escravidão dos negros. No tempo da escravidão, a atitude desses religiosos (?) não emitia reflexos. A respeito disso, nem no momento atual. Por quê? Porque são fatos que poucos livros de História se aventuraram a narrar. Nem os jesuítas viveram o que pregavam, nem Willian Waack.

Lamento profundamente pelo momento profissional que Willian Waack vivencia. No entanto, não posso advogar a favor dele. Sinta-se ofendido diante de preconceitos relativos a sua cor de pele, seu defeito físico, sua honra, sua ideologia de gênero etc. Depois, conte-me.


Augusto Aguiar

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