Nas Sagradas Escrituras, encontramos a manifestação de Deus de várias formas. Porém, o mais surpreendente é quando a Palavra de Deus se faz no “murmúrio de uma brisa suave” (1 Reis 19,11-12). Assim ela é mais eficaz do que nunca para transformar nossos corações.
O silêncio nos prepara para um encontro novo com Deus. No silêncio, a Palavra de Deus pode atingir os recantos mais íntimos e escondidos de nosso ser. No silêncio, como diz São Paulo, ela se revela “mais penetrante do que uma espada de dois gumes, que penetra até a divisão da alma e do corpo” (Hb 4,12).
Fazendo silêncio, deixamos de nos esconder diante de Deus, e a luz de Cristo pode atingir, curar e até mesmo transformar aquilo de que temos vergonha ou medo.
O silêncio, muitas vezes, surge envolto no amor. Cristo nos recomenda: “É este o meu mandamento: Que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei” (Jo 15,12).
Precisamos de silêncio para acolher essas palavras e colocá-las em prática, pois quando estamos agitados, mergulhados no burburinho do mundo, encontramos tantos argumentos e razões que não nos permitem perdoar e amar mais facilmente. Mas quando temos o nosso coração em paz e no silêncio, essas razões desaparecem. Silenciosos e pobres, os nossos corações são conquistados pelo Espírito Santo e ficam repletos de um amor incondicional.
Por vezes, evitamos o silêncio, preferindo o barulho, palavras ou distrações, quaisquer que sejam, porque a paz interior é exigente e arriscada. Ela nos coloca frente a frente conosco e com Deus, evidenciando nossa pobreza e miséria, propiciando dissolver nossa amargura e revolta e nos levando ao dom de nós mesmos.
No silêncio exterior e, principalmente, interior, estaremos em condições não só de escutar Deus, como também de perceber a nossa capacidade pessoal e a necessidade daquele que está próximo, daquele que Deus colocou em nosso caminho... não sem razão ou motivo.
No íntimo de nosso coração, digamos como São Francisco de Assis: “Senhor, o que queres que eu faça?”
Escute e realize!
Cônego Pedro Paulo Scannavino
Paróquia São João Batista