Celular: A nova janela da alma

 

Pokémon Go é a novidade do momento. Acessível, simples e social, a nova mania é um jogo eletrônico que permite aos jogadores capturar criaturas virtuais que aparecem nas telas de celular como se estivessem no mundo real. A proposta é fazer com que as pessoas explorem a própria cidade conforme o jogador anda à procura dos pokémons para sua coleção. Diante disso, deixo a pergunta: carregamos um celular ou é o celular que nos leva?

Esse novo jogo vai ao encontro de duas questões psicológicas bastante poderosas: a da recompensa e a da busca de sentido. À medida que o jogador alcança uma meta, é apresentada uma recompensa a ela como forma de reconhecimento, o que motiva a pessoa e satisfaz sua necessidade básica de estima, segundo o psicólogo Maslow. Juntamente a isso, o psiquiatra Vitor Frankl fala da necessidade do indivíduo de procurar sentido na vida, o que o leva a buscar complementos para seu vazio existencial.

O regime capitalista cria a lógica da necessidade do consumo, sendo assim, “Tenho, logo existo.” Queremos sem saber o que é, somente porque temos a necessidade da busca pelo prazer imediato para preencher nosso vazio. Tendo a ansiedade por excelência, a criança e até mesmo jovens adultos das gerações Y e Z encontram no mundo virtual a recompensa ilusória do objetivo alcançado.

Quando queremos conversar, mandamos mensagem de texto via WhatsApp; quando queremos ver a pessoa, olhamos seu Instagram. A tecnologia conseguiu aproximar as pessoas que moram longe e afastar as que estão do nosso lado. Ao percorrer a cidade à procura dos Pokémons, não se tira os olhos do celular para verificar se há algum carro no caminho. Até agora, essa nova mania eletrônica tomou proporção de caos social e diversos adolescentes já faleceram por não prestarem atenção ao trânsito.

A questão não é brincar, mas o modo como o indivíduo se relaciona com o jogo. O celular tornou-se oxigênio e os aplicativos eletrônicos são alimento para a alma. A quase total indiferença pelo mundo real leva psiquiatras e psicólogos a diagnosticarem uma geração com déficit de atenção, sendo o problema, na verdade, apenas falta de limite e necessidade de um pouco de atenção.   

 

Para dúvidas, críticas e sugestões, escrevam para: renataseren@gmail.com


Psicóloga - Renata Seren
Clima Bebedouro

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