Pálida lembrança

(Um Monge Solitário)

 

Ah; que bom pudéssemos varrer o passado

como se jamais tiveste existido!

Infeliz este desejo de tão mal grado,

invade o pensamento, tempo atrevido!

 

Sempre volta ao presente pálida lembrança,

destaca-te sempre o último abraço.

Longe vais tu, ó amarga esperança

não desatas de mim teu impetuoso laço!

 

Desta vida em decadência que já permeia,

estou na amara encruzilhada sem saída.

A lembrança lentamente se escasseia, 

aos poucos vais te selando o livro da vida!

 

Me assombras tu, ó triste afago morno,

e tu deusa parca o mortuário mais que certo.

Apertas-te meus rins qual tu foste torno,

desgraçado campo murado sempre com buraco aberto!

 

 

“Deixe descansar em paz a lembrança que você

tem daquele que está descansando no sono da

morte e conforme-se com a morte dele”.

Clima Bebedouro

FCTV Web