Solidariedade na solidão

Basta dominar um pouco a nossa correria moderna, parando para observar ao nosso redor, saindo de nós mesmos, enxergando a realidade do outro, para chegarmos a várias conclusões práticas e necessárias.

Pelas previsões da mídia, os brasileiros estão nascendo e envelhecendo mais, enquanto as famílias estão diminuindo a cada dia que passa. Diante dessa realidade, a sociedade brasileira está caminhando para o aumento dos idosos, dos marginalizados e de pessoas solitárias, tanto nas cidades grandes como nas pequenas, do interior.

Nos tempos em que vivemos, essa vem se tornando uma das grandes preocupações, pois cada vez mais a nossa sociedade se afunda na “cultura do descarte”, como bem nos lembra o Papa Francisco.

É uma triste realidade saber que em nosso meio ainda encontramos pessoas imersas numa solidão sem precedentes, chegando ao ponto até de pensar em cometer suicídio.

Faz-se necessário unir forças e oração para que, de fato, haja mais solidariedade entre nós e que num mundo tão agitado e tão frenético os idosos, os marginalizados e os que vivem na solidão, não por opção, mas por necessidade, encontrem espaço de convivência e lazer, e que, por consequência, a sua dignidade seja restaurada e mantida.

Já lembrava o poeta: “Ninguém é uma ilha”. Por isso, é bom reafirmar que somos homens e mulheres de relações, de partilha e de sentimentos. Favorecer a integração das pessoas é desafio urgente em nosso mundo.

Nós, cristãos católicos, corremos o risco de cair no perigo da “cultura do descarte” com nossos irmãos de comunidade já com certa idade e que não têm mais condições físicas de participar de reuniões, atividades e solicitações. É missão nossa ir ao encontro deles e fazer com que se sintam integrados e valorizados. Assim a nossa comunidade, seja paroquial ou não, irá se tornar um espaço de convívio e solidariedade, para poder dar um bom testemunho e para que consiga superar as dificuldades, anunciando e diminuindo a marginalização que acontece todos os dias em nosso ambiente familiar, social e religioso.

Outro desafio é fazer com que as pessoas não se sintam tão sozinhas e isoladas. Às vezes, embora estejam num grupo ou numa comunidade social ou religiosa, muitas podem se sentir ignoradas.

É por isso que essa cultura de integração deve fazer parte da nossa vida cristã, com um cuidando do outro, um sendo responsável pelo outro. Foi Cristo quem nos ensinou o mandamento: “É amando que se integra; é no amor que se curam as feridas da solidão e da marginalidade”.


Cônego Pedro Paulo Scannavino
Paróquia São João Batista
Clima Bebedouro

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