Qual a nossa reação diante da realidade?

   Basta observarmos a reação das pessoas para aprendermos ricas lições de vida. A realidade é a mesma para todos, porém, a reação é totalmente diversa para cada um.

   Muitos são aqueles que se preocupam com os extremos da vida: nascimento e morte; infância e velhice. E o tempo intermediário, quando não somos mais crianças e ainda não chegamos na idade adulta ou na velhice? Quantos são os que nos chamam a atenção por sua situação precária, como o sofrimento, a enfermidade...!?

   Com base na fé e na formação cristã, qual deve ser a nossa atitude? Ficarmos indiferentes? Entrarmos “de cabeça”, assumindo toda a responsabilidade para a solução do problema do irmão necessitado? Ou dizer que cada um que cuide de si, pois a responsabilidade não é minha? Nós podemos e devemos ajudar o irmão, mas sem assumir a sua cruz.

   Durante a Semana Santa, fazendo memória do sofrimento de Jesus no caminho rumo ao Calvário, vamos observar dois profundos testemunhos: Verônica e Simão de Cirene. De formas distintas, ambos prestaram sua ajuda a Jesus que passava: Verônica, movida por compaixão, espontaneamente, tomou a iniciativa de enxugar o rosto ensanguentado do Mestre. Simão, embora não tenha tomado a iniciativa de ajudá-Lo a carregar a cruz, aceitou a solicitação do soldado romano, ajudando Jesus a carregá-la, para que Ele, extenuado, chegasse até o topo do Calvário. Está claro que Simão ajudou o Crucificado, no entanto, não tomou ou assumiu a cruz no lugar de Jesus. Da mesma forma, quando nos deparamos com pessoas que sofrem, querer assumir a cruz que é delas ou resolver seus problemas não só é uma ilusão, como também não corresponde ao projeto do Criador. Ele deu a cada um a cruz própria e intransferível e a capacidade para carregá-la. Daí dizermos que Deus nos criou com ombros adequados para carregar cada qual a sua própria cruz e não a cruz alheia.

   Diante da dor e do sofrimento:

   É mais do que óbvio que a nossa vida é mesclada de altos e baixos, de momentos intensos de prazer, realizações e felicidade, e também de passagens tristes, preocupantes, de dor e sofrimento.

   De nada adianta iludir-se, usando o frustrante “faz-de-conta”, fugindo daquilo que, apesar de custoso e indesejável, é real.

   Qual seria a solução mais viável e menos traumatizante? Com certeza, encarar de frente os obstáculos e barreiras, usando toda capacidade que Deus nos deu e confiando na graça desse Deus Amor. Se faltar um desses fatores, estaremos fadados ao fracasso e frustração. Por isso, devemos:

1. Encarar de frente

   Há uma tendência muito comum entre nós de procurarmos “atalhos” ou “adiamentos” em nome da prudência. Isso, muitas vezes, serve apenas para protelar uma solução inevitável ou para desviar a atenção do objetivo adequado, levando-nos à angústia, desânimo, depressão e desconforto.

   Por que sujeitar-se a isso, se o verdadeiro caminho é outro?

2. Usar da própria capacidade que Deus nos dá

   Embora saibamos que temos capacidade e potencial para vencer as dificuldades, sempre cobramos e esperamos do outro a solução.

   Por que acomodar-se?

   Você já reparou que há pessoas que sofrem com uma dor, doença, injustiça, traição e se revoltam contra Deus e o mundo, enquanto outras passam pela mesma provação e se apegam ainda mais a Deus, reforçando sua espiritualidade e transformando os obstáculos em degraus e não em barreiras?

   Apegar-se ao plano de Deus Amor, que tudo faz e permite para o nosso bem e felicidade duradoura, faz a diferença!

   Neste Tempo Pascal que estamos vivendo, contemplando o sofrimento redentor do Cristo, procure meditar sobre como você está enfrentando a sua cruz de cada dia. Confie na graça de Deus, que nunca nos abandona, e encare com fé o tempo de adversidades. Experimente e verá!

 

Cônego Pedro Paulo Scannavino

Paróquia São João Batista

Clima Bebedouro

FCTV Web