Silêncio salutar

   Foi marcante para todos nós, cristãos, a data de 13 de março de 2013. Pela primeira vez, o novo Papa Francisco se apresenta no balcão da Basílica de São Pedro e dirige-se ao povo que enchia a praça e aguardava sua bênção. O Papa surpreendeu a todos ao dizer que, antes de mais nada, rezassem por ele e o abençoassem.

   A multidão de cem mim ou mais pessoas ficou em profundo silêncio, enquanto o Papa se inclinava diante de Deus e do povo. Só depois é que ele deu a bênção “Urbi et orbe” (para a cidade (Roma) e para o mundo), a todos que estavam ali e os que acompanhavam pela TV esse momento histórico.

   O gesto do Papa Francisco nos lembrou que para escutar a Deus e aos irmãos a linguagem mais importante é o silêncio. Sabem-no os místicos, como São João da Cruz, que disse: “Uma palavra falou o Pai, que foi seu Filho (Verbo Encarnado, Palavra Encarnada do Pai), e fala sempre no eterno silêncio, e em silêncio há de ser ouvido pela alma”.

   Em nosso relacionamento com Deus, o silêncio não é apenas um meio que favorece a experiência da oração, mas é também uma forma de orar, talvez a mais bela e verdadeira, porque Deus habita no mais profundo do nosso ser, onde mal pode chegar o ruído de nossas palavras.

   O silêncio da pessoa que reza não é um vazio, mas uma plenitude, uma fonte de energia. Permanecer em profundo silêncio, na presença do Senhor, é a oração em seu estado mais puro. Nas celebrações litúrgicas, como nos grandes acontecimentos históricos, as palavras são insuficientes para expressar o mistério que ilumina e dá sabor à nossa vida.

   São Francisco de Sales dizia que “o bem não faz barulho e o barulho não faz bem”.

   O homem e a mulher de hoje, especialmente as pessoas com maior sensibilidade, estão descobrindo o valor do silêncio. Por isso fogem dos centros urbanos e buscam contato com a natureza nos sítios, nas montanhas, nas praias isoladas, na beira de rios e cachoeiras.

   O retiro ou “exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola” nos ensinam a nos recolher, concentrando-nos no essencial, prestando atenção aos sentimentos mais profundos do nosso coração, onde podemos escutar a voz de Deus.

 

Cônego Pedro Paulo Scannavino

Paróquia São João Batista

 

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