A mosca morta

“Não existem passageiros na espaçonave Terra. Somos todos tripulação”.  

                                                                                              (Mc Luhan)        

 

Crédito de abertura – Muitos querem viver o seu intenso agora, mesmo que seja para documentar sua ‘tristeza existencial’. É a vida sempre pronta a oferecer milhões de abraços, sinalizando que deseja ter um caso de amor com o ser humano, mas ele teimosamente receia amar. Mas, é bem verdade sabe, essa ‘inteireza espiritual’, sempre desejada, nem sempre acontece e as partes não se satisfazem! É o que vamos ver na narrativa. Tem coisas que nem Freud explica...

 

Vamos aos fatos – Estava, em minha sala, na Gerência do Departamento de Recursos Humanos de uma grande empresa, quando o telefone tocou. Alíás, tocava como se fosse um gemido sinalizando ‘problemas à vista’. Atendi. ‘Senhor Valdo, eu estou encaminhando ao Senhor uma funcionária do meu setor de trabalho, porque ela xingou a colega de serviço de ‘mosca morta’. E a mosca morta, ou melhor, a funcionária inseto, começou a chorar. Por favor, peço ao senhor que faça alguma coisa para solucionar o problema!’ É verdade!  A vida não é mesmo, um palco iluminado...

 

Mosca injustiçada - Coitada da mosca. Isso é preconceito, afinal a mosca é uma obra de Deus! E ainda tripudiar um morto! Ah, quer saber de uma coisa? Coitada da mosca, foi execrada, não pode nem morrer sossegada! E as funcionárias? Coitadas! Duas pobres de espírito! E o seu Valdo, com tantos problemas pendentes, urgentes, prioritários, próprios de uma empresa de 1800 funcionários, ainda tem que encarar moscas mortas! Ah, fala sério! Assim não dá. Tem gente que não pensa um pouco. Faz questão de ser lenta no progresso...

 

Esclarecimento – O RH de uma empresa é um pára-raios de problemas. Lá vão ancorar as insatisfações dos funcionários. Eles reivindicam melhores salários, há problemas com brigas, alcoolismo, drogas, seguidas faltas ao trabalho, etc. E haja orientação, conversação e em alguns casos advertências, suspensão... Será que Deus não se alegrou quando fez o mundo e se decepcionou quando fez o homem?

 

As partes – Chamei-as em minha sala, separadamente, para conhecer o que aconteceu. Primeiro foi a ‘moscofóbica’, a que chamou a outra de mosca morta. Ela disse: ‘Então, seu Valdo, a gente explica, explica, cansa de     explicar como fazer o trabalho, mas ela é lerda, não faz nada que seja perfeito. Demora, tem má vontade, reclama, murmura e faz tudo errado’. Estranhei! ‘Mas não acerta nunca?’ E veio a filosófica resposta: ‘Quando ela acerta é porque errou!’(?)

 

A outra parte-Tambem foi ouvida. Mostrava-se insegura, com dificuldade de concentração. Entendi ser um caso de quem carrega, na idade adulta, Transtorno de Déficit de Atenção com Hipoatividade (TDA-H). Dei meu acolhimento e ela foi recolocada em outro setor. Afinal, quem de nós pode afirmar, que em alguma coisa, não foi uma ‘mosca morta’? Nos bancos escolares de ensino fundamental, médio, universitário, será que não tivemos o nosso TDA-H? Claro, até uma mosca morta pode nos ensinar a prosperar, em meio ao caos, afinal o sofrimento é o sofredor que faz!

 

Epicuro, ajuda-nos! - Vamos ouvir o que tem a falar, o filósofo grego Epicuro que, já, há três séculos a.C, tinha como prioridade focar a importância da sensibilidade. Suas palavras: ‘Habitua-te a pensar e entender, que todo mal e todo bem, se encontra na, insensibilidade, ou sensibilidade, fazendo sentido entre nós para alcançar o bem comum’. Observe o leitor que, não em vão, estamos insistindo, dando ênfase aos males causados pela insensibilidade em diversos de nossos textos. É tudo muito simples: Se alguem vai, alguem fica esperando e, mais cedo ou mais tarde, alguem vem. Há muita sensibilidade, explicando, esse aparente vazio existencial...

 

Reflexão – Mais um pouco da filosofia epicurista: ‘O prazer é racional. É quietude da mente, paz de espírito, amizades sinceras, controle sobre as emoções, domínio de si mesmo...’ Essas seriam as virtudes do prazer, tendo como foco, a saúde e a felicidade. Todos compartilhando, vivendo em harmonia, civilizadamente, afinal a vida é arte é viver nas coisas mais incríveis do cotidiano.

 

Nota – Todas as histórias, lendas ou fatos, ensinam alguma coisa, indispensável, à nossa mudança comportamental.

 

Antônio Valdo A. Rodrigues

Serra Negra – SP

E-mail: valdo11rodrigues@yahoo.com.br

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