90 mil rúpias

“É preciso duvidar quando necessário, afirmar quando necessário e submeter-se quando necessário’. (Fritjof Capra)

 

Ancião solitário – ‘Em um castelo na Índia residia, sozinho, um senhor cristão já com a idade avançada. Ele não tinha nenhum parente vivo. O seu convívio era exclusivamente com os serviçais daquela grande mansão. Yashy era admirado, pois sabia tratar todos com humanidade. Certo dia resolveu organizar um jantar para homenagear seus fiéis funcionários. A criadagem já estava acomodada aguardando o início do jantar e ao lado de cada prato havia uma Bíblia bem embrulhadinha para presente.

Questionamento – Antes de o jantar ser servido Yashy disse: ‘Qual o presente que vocês gostariam de receber: noventa mil rúpias, (moedas de prata em uso em várias regiões da Índia), ou essa Bíblia? O cozinheiro foi o primeiro a responder: ‘Senhor Yashy, a Bíblia é muito importante, mas eu tenho que resolver muitos problemas então vou escolher ficar com o dinheiro’. Depois foi a vez do jardineiro: ‘Sei do valor da Bíblia, mas eu preciso reformar a minha casa’. Assim o ancião Yashy formulava a pergunta e todos escolhiam as rúpias. E chegou a vez de um jovem guardião do castelo.  Yashy falou pela última vez: ‘E você guardião do castelo quer dinheiro ou a Bíblia?’ ‘Quero a Bíblia. O dinheiro logo vai acabar, mas a 

Bíblia é um manancial inesgotável de recursos para que eu possa ser feliz de verdade e obter o que quiser na vida’. Yashy sorriu, e disse:  ‘Agora você pode abrir a sua Bíblia’. E o jovem teve a grande surpresa. Encontrou o testamento do ancião, deixando, após sua morte, todos os seus bens: riqueza em dinheiro, ouro, propriedades, ao feliz portador daquele inventário’. Temos aqui, nesta história, um ensinamento edificante: muitas vezes o que parece menos, é mais. Tem gente vendendo o futuro para comprar o presente.

 

O existencial – Nietzche afirmava: “Quando se tem na vida, ‘algum por quê qualquer’, como se pode suportar”? E quem não tem muitos por quês? A vida é um desenredo. É prazeroso, mas é custoso viver. Quem decide depender de alguém, ou de alguma coisa, para ser feliz, está se tornando, dependente, criando uma servidão. Questão de pertencimento existe, mas é bom ficar esperto: ‘Não há homens extraordinários, mas apenas um nada nas tentativas de romper com a espiritualidade e com a moral’( Disraelli)  Dele também é: ‘O que é o inferno? Inferno é o sofrimento por não poder mais amar’.

 

Crônicas – O trabalho de quem escreve é traduzir raciocínios para o cotidiano. É mostrar coisas que se ocultam. Não importa a matriz ideológica, basta pensar, a verdade, como sempre, está no meio. Ler ajuda saber quem a gente é. Ler é conhecer-se mais. Um texto prazeroso de ler é capaz de nutrir o leitor. Temas de interesse pelos valores éticos, morais, não precisam ocupar um paragrafão atravancado por travessões e travessinhos. Precisa ser claro na ideia que está comunicando. Uma boa escrita evita ‘digressões’. Digressões são os ‘mi, mi, mis’ e os ‘blá, blá, blás’ desnecessários. Muita digressão enche. Eu escrevo o que eu quero ler, o que me agrada e vale à pena ler.

 

Adormecimento – Estão adormecidos em nós, a carnalidade e a espiritualidade. A carnalidade é instintiva, acorda sozinha. E quem se habilita a despertar a espiritualidade? É um desafio porque no mundo hedonista prevalece o materialismo.

 

Reflexão – É sabedoria agradecer o que já passou e abraçar o que está por vir. A felicidade é apenas um ’zigue’ no ‘zigue-zague’ do destino de cada pessoa. Vitoriosos os que, no ocaso da vida, podem dizer: ‘Combati o bom combate, não desfaleci, mantive a fé’.

 

Nota – Huberto Rohden diz: ‘Habita em nós o contraditório e o inaceitável. O verdadeiro livre-arbítrio é o que se revela, na consciência individual, quando o homem se sente livre antes e depois da ação”. É, faz sentido.  

 

Antônio Valdo A. Rodrigues

Serra Negra-SP

E-mail: valdo11rodrigues@yahoo.com.br

 

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