A boa redação

“Com que freqüência o acordar da criatividade dos alunos é apenas uma conseqüência do potencial amoroso do professor”. (Rubem Alves)

 

Um professor, mais educador que professor, assim começou a sua aula: ‘Hoje eu quero que vocês façam uma boa redação’. Escreveu na lousa: ‘Se você pudesse voltar no tempo, o que faria diferente?’ E deu as instruções: ‘Antes de começar, pense bem no tema. Use a imaginação, capriche na letra e não se esqueça de por em prática todas as ferramentas, para alcançar o melhor resultado’. É o que vamos ver: ‘ferramentas’ para boa redação.

Início, meio e fim- Início faça uma introdução comentando sobre a relevância do tema que vai escrever. Meio, preste atenção aos detalhes que vão ser narrados. Seja ousado, criativo e não tenha receio de mergulhar fundo nos argumentos. Períodos não muito extensos. Use o ponto final nas sentenças, depois comece o outro bloco da redação. Fim, é o fecho, o resumo, a síntese a conclusão para fazer o encadeamento do tema. Ao final use reflexões, respeitando sempre os créditos.

A letra – Redação se faz à tinta. A letra deve ser grande e não precisa ser bonita, mas bem legível. Sendo possível, faça rascunho.

Pontuação – Além do ponto final, também são úteis recursos: a vírgula e vírgula em período intercalado; dois pontos; interrogação; exclamação; três pontinhos. Esses são facilitadores para a boa compreensão do texto.

Rasuras – Não pode borrar remontar, nem rabiscar palavras erradas. Quando errar faça assim: atrasado, digo, atrasado. Note que a palavra certa vem logo a seguir. Aquele indigesto corretor branco, o tal ‘branquinho’, nem pensar! Jogue no lixo.

Ortografia – Evite escrever palavras que não sabe bem como é a grafia. Use expressão esclarecedora. Ex: Não sabe se artesanato é com ‘s’ ou ‘z’, então escreva: trabalho feito à mão.

Clareza – Escreva com naturalidade, como se estivesse conversando com alguém. Leia para entender se a idéia ficou clara. Comunique o melhor do que você é. No mínimo trinta linhas, ou um pouco mais. Antes de entregar a redação, faça uma leitura geral para revisar detalhes.

Macetes – Expressões são aplicativos idiomáticos, que valorizam e fortalecem a comunicação. São eles: ‘antes de tudo’; ‘principalmente porque’; ‘até porque’; ‘no entanto’; ‘entretanto’; ‘sendo assim’; ‘podemos concluir que’; ‘eu acredito que’. Há outras expressões que podem ser incluídas sem prejuízo do essencial.

Expressividade – Evite repetir palavras, procure variar no vocabulário. Faça a diferença, mexa com a imaginação do leitor.

Coerência – Acredite no que está escrevendo. Não desanime! Quando der uma travada no raciocínio. Não desista! A solução é começar a ler desde o início e quando chegar ao ponto crítico, as palavras vão fluir e se apresentar naturalmente. 

Prática – Só se aprende a escrever bem, escrevendo. Use boa caneta, boa iluminação. É fundamental a confortável acomodação na cadeira e mesa. Concentre-se no assunto. Desligue-se de TV, celular, conversas. Reúna o melhor do teu esforço para expressar a melhor sensibilidade. Lembre-se, Deus se importa quando é lembrado na redação. Inclua-o! E quando o professor fizer a devolução da redação, fique atento aos erros assinalados para não cometê-los mais.

Preciosidades – Encontrei em redação do ensino médio: ‘Ah, Valdo, se eu pudesse voltar no tempo, o que faria diferente? Pediria a Deus oportunidade para errar menos. Tambem que Ele me permitisse pedir perdão a todos que causei alguma espécie de desconforto. Como seria bom passar uma borracha em todas as lembranças que nos entristecem!’ Outro aluno: ‘A gente vai tentando se definir a vida toda. Somos sempre ‘meio-adultos’. O planeta é uma máquina de lavar, na qual estamos sempre rodando, dando voltas lá dentro para sair melhor do que somos’. Que metáfora! São as delícias da cátedra.

 

Reflexão – Escrever é sempre útil. Motivos há! Não só para quem vai fazer o vestibular à faculdade, e sabe que redação vale quatro pontos, mas também para: contatar o pai ausente, que mora distante; demonstrar a admiração a um professor por sua eficiência; solicitar emprego, neste caso tem que saber o nome do destinatário; fazer uma declaração de amor... Palavras voam. Quando escritas movem e seduzem o coração.

 Nota – Próxima semana, nesta coluna: ‘O DNA do texto’. Vamos ver de perto os sinais de pontuação. Até lá!

 

Antônio Valdo A. Rodrigues

Serra Negra-SP

E- mail: valdo11rodrigues@yahoo.com.br

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